Um só consórcio — formado pela Petrobras (10%), pela
anglo-holandesa Shell (20%), pela francesa Total (20%) e pelas chinesas CNPC
(10%) e CNOOC (10%) — venceu ontem o leilão para explorar o campo de Libra, na
Bacia de Santos (RJ). A estreia do modelo de partilha, criado para as novas
áreas do pré-sal, surpreendeu analistas e investidores. Eles esperavam a
competição da parceria da estatal brasileira com as companhias asiáticas contra
um grupo encabeçado pelas europeias. Com o arranjo final, a Petrobras,
operadora compulsória do campo com participação garantida de 30%, elevou a sua
cota a 40%.
A exploração do Campo de Libra deve elevar substancialmente
as reservas nacionais de petróleo, atualmente de 15,3 bilhões, acrescentando
entre 8 bilhões e 12 bilhões. Essa riqueza poderá fazer o país saltar da 11ª
colocação entre os produtores mundiais para a quarta posição quando alcançar o
auge da exploração na área, com picos de 1,4 milhão de barris diários, em 2025.
O próximo leilão da área descoberta em 2005 só ocorrerá daqui a dois anos.
Com o único envelope aberto na tarde de ontem, durante
cerimônia de 40 minutos realizada pela Agência Nacional do Petróleo (ANP) em um
hotel do Rio de Janeiro, a maior reserva petrolífera já descoberta no país foi
arrematada sem ágio: as empresas terão de entregar o mínimo de 41,65% do óleo
excedente à União. Apesar disso, as autoridades aplaudiram o resultado e o
contrato de 35 anos será assinado em um mês, quando o consórcio vencedor pagará
R$ 15 bilhões em bônus ao caixa do governo — 80% a mais do que os R$ 8,3
bilhões arrecadados desde 1999, em licitações para exploração de óleo. Nesse
esforço inicial, a Petrobras terá de desembolsar R$ 6 bilhões.
Águas ultraprofundas
A combinação inesperada de empresas provocou alívio nos
mercados, ao garantir a reunião de capitais de diferentes origens com o
conhecimento especial da Petrobras sobre o pré-sal e a extração em águas
ultraprofundas. As ações preferenciais e ordinárias da companhia brasileira
computaram alta de mais de 5%. As petroleiras que arremataram o bloco gigante,
a sete mil metros abaixo da superfície do mar, informaram que têm pressa para
explorar a primeira área sob o novo marco regulatório, considerando que sua produção
só deve começar em cinco anos e atingir seu volume máximo de extração em até 10
anos.
Do Correio Braziliense
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