Fabiano Costa e Felipe Néri, do G1, em Brasília
A ex-senadora do Acre Marina Silva assinou neste sábado (5),
em evento no Hotel Nacional, em Brasília, ficha de filiação ao PSB, partido
presidido pelo governador de Pernambuco, Eduardo Campos.
Ela afirmou que apoia a candidatura de Campos à Presidência,
mas não disse se pode ser vice em uma chapa encabeçada pelo pernambucano.
"Estou aqui não para pleitear candidatura, mas para apresentar junto
contigo um programa para sociedade brasileira que seja capaz de alinhamento
histórico e sepultar de vez a velha República", disse, dirigindo-se a
Campos, que estava ao lado de Marina na cerimônia.
Após o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) rejeitar na última
semana o registro do partido que ela fundou, o Rede Sustentabilidade, por falta
de comprovação do número de assinaturas de apoio previsto em lei, Marina havia
sido convidada por outras legendas, como PPS e PEN. Este sábado era o último
dia para que a ex-senadora se filiasse a algum partido - pela legislação
eleitoral, quem quer concorrer nas eleições deve estar filiado ao partido um
ano antes da eleição.
A aliança política entre Marina e Campos foi costurada entre
a noite de sexta e a manhã deste sábado. Ainda durante a noite, Eduardo Campos
desembarcou em Brasília para propor a união.
Em entrevista ao G1, um dos principais auxiliares de Marina,
Bazileu Margarido, informou que ela se colocou à disposição para ser vice.
Eduardo Campos e Marina aparecem nas pesquisas eleitorais como pré-candidatos à
Presidência da República nas eleições do ano que vem - segundo o último
levantamento do Ibope, Marina estava em segundo lugar com 16% das intenções de
voto, enquanto Campos tinha 4%, em quarto lugar.
Apesar das especulações sobre a possibilidade de ela ser
candidata a vice, Marina se limitou a anunciar sua filiação ao PSB. A decisão
sobre como será a composição da chapa deve ser tomada no ano que vem.
Ao ser perguntado sobre se quer Marina como vice, Eduardo
Campos afirmou: "Esse debate ele vai além, muito além da formação de
chapa. No tempo certo vamos formar chapa para defender o conteúdo que estamos
começando a discutir. [...] Vamos no tempo certo tomar a decisão ao lado de
outras forças políticas que podem se somar a esse esforço. Não queremos reduzir
debate entre Rede e PSB, queremos debate com a sociedade, e vamos no tempo
certo tomar as decisões."
'Primeiro partido clandestino'
Em discurso na cerimônia de filiação, Marina agradeceu ao
PSB por fazer aliança com a Rede, apesar de o partido não estar oficialmente
criado. Após o TSE barrar o registro, a Rede terá que apresentar mais
assinaturas de apoio e ainda poderá ter o registro deferido. Marina e seu grupo
poderão migrar para a Rede depois.
"Somos o primeiro partido clandestino criado em plena
democracia. Quero agradecer aos companheiros do PSB a chancela política e
eleitoral que a Justiça eleitoral não nos deu."
Ela afirmou ainda que continuará "porta-voz" da
Rede e que sua filiação ao PSB é "democrática". "Eu continuarei
porta-voz da Rede Sustentabilidade. [A filiação ao PSB] É filiação democrática.
Não é o mais do mesmo, não é previsivel. É o que surpreendeu. Porque a política
não é só previsibilidade."
Marina citou ainda que não pretende fazer "oposição por
oposição". "Achavam que já tinham nos abatido, mas estamos aqui para
dizer que essa aliança não é para destruir, é para construir. Nosso objetivo
não é oposição por oposição, nem situação por situação, é assumir
posição."
A ex-senadora acrescentou que não entrou no PSB para
participar da eleição. "Isso aqui não é Marina entrando num partido para
participar da eleição. É Marina entrando num partido para chancelar o programa
da Rede Sustentabilidade e, na discussão democrática, adensar o programa de
candidatura que já está posta", disse.
Marina Silva relatou que, quando o TSE barrou o registro da
Rede, ela própria pensou no PSB e tomou a iniciativa de procurar Campos.
"Pensei 'acho que vou trabalhar plano C'. [..] Pensei 'quem é o plano C? É
o Eduardo Campos, é o PSB. E por quê? [...] Primeiro porque é partido
histórico, com bandeiras históricas, e no dia da fundação nos mandou carta
assinada por seu presidente, antecipando esse momento que talvez só Deus
sabia."
Terceira via
Segundo interlocutores, pesou na decisão o desejo comum de
Eduardo Campos e Marina de construir uma "terceira via" no cenário
político, que fuja da polarização entre PT e PSDB, consolidada nas últimas eleições
presidenciais. Há cerca de duas semanas, Campos anunciou que o PSB deixaria os
cargos no governo federal para "ficar à vontade" para
"debater" o Brasil.
Ainda pela manhã, Marina se reuniu com o presidente do PPS,
Roberto Freire, para comunicar a proposta e tentar compor uma aliança. Freire,
no entanto, que havia oferecido o PPS para Marina concorrer ao Planalto, não se
comprometeu com o apoio e manifestou posição crítica à aliança.
Programas e partidos
No acordo entre Marina e Eduardo ficou acertada uma
"convergência" dos programas partidários de cada partido. Isso inclui
incorporar ao PSB propostas já preparadas pelo grupo da ex-senadora,
identificada com a defesa do desenvolvimento sustentável. Foi lido no evento um
documento sobre os termos da coligação - leia a íntegra no Blog do Camarotti.
Desde que teve negado o registro da Rede para concorrer em
2014, Marina recebeu convite de várias siglas, como o novato PEN e integrantes
do PTB, além do próprio PPS. Agora, Marina e Campos devem buscar mais aliados
para fortalecer a campanha do ano que vem.
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