sábado, 5 de outubro de 2013

MARINA DESEMBARCA NO PSB

Fabiano Costa e Felipe Néri, do G1, em Brasília
A ex-senadora do Acre Marina Silva assinou neste sábado (5), em evento no Hotel Nacional, em Brasília, ficha de filiação ao PSB, partido presidido pelo governador de Pernambuco, Eduardo Campos.
Ela afirmou que apoia a candidatura de Campos à Presidência, mas não disse se pode ser vice em uma chapa encabeçada pelo pernambucano. "Estou aqui não para pleitear candidatura, mas para apresentar junto contigo um programa para sociedade brasileira que seja capaz de alinhamento histórico e sepultar de vez a velha República", disse, dirigindo-se a Campos, que estava ao lado de Marina na cerimônia.
Após o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) rejeitar na última semana o registro do partido que ela fundou, o Rede Sustentabilidade, por falta de comprovação do número de assinaturas de apoio previsto em lei, Marina havia sido convidada por outras legendas, como PPS e PEN. Este sábado era o último dia para que a ex-senadora se filiasse a algum partido - pela legislação eleitoral, quem quer concorrer nas eleições deve estar filiado ao partido um ano antes da eleição.
A aliança política entre Marina e Campos foi costurada entre a noite de sexta e a manhã deste sábado. Ainda durante a noite, Eduardo Campos desembarcou em Brasília para propor a união.
Em entrevista ao G1, um dos principais auxiliares de Marina, Bazileu Margarido, informou que ela se colocou à disposição para ser vice. Eduardo Campos e Marina aparecem nas pesquisas eleitorais como pré-candidatos à Presidência da República nas eleições do ano que vem - segundo o último levantamento do Ibope, Marina estava em segundo lugar com 16% das intenções de voto, enquanto Campos tinha 4%, em quarto lugar.
Apesar das especulações sobre a possibilidade de ela ser candidata a vice, Marina se limitou a anunciar sua filiação ao PSB. A decisão sobre como será a composição da chapa deve ser tomada no ano que vem.
Ao ser perguntado sobre se quer Marina como vice, Eduardo Campos afirmou: "Esse debate ele vai além, muito além da formação de chapa. No tempo certo vamos formar chapa para defender o conteúdo que estamos começando a discutir. [...] Vamos no tempo certo tomar a decisão ao lado de outras forças políticas que podem se somar a esse esforço. Não queremos reduzir debate entre Rede e PSB, queremos debate com a sociedade, e vamos no tempo certo tomar as decisões."
'Primeiro partido clandestino'
Em discurso na cerimônia de filiação, Marina agradeceu ao PSB por fazer aliança com a Rede, apesar de o partido não estar oficialmente criado. Após o TSE barrar o registro, a Rede terá que apresentar mais assinaturas de apoio e ainda poderá ter o registro deferido. Marina e seu grupo poderão migrar para a Rede depois.
"Somos o primeiro partido clandestino criado em plena democracia. Quero agradecer aos companheiros do PSB a chancela política e eleitoral que a Justiça eleitoral não nos deu."
Ela afirmou ainda que continuará "porta-voz" da Rede e que sua filiação ao PSB é "democrática". "Eu continuarei porta-voz da Rede Sustentabilidade. [A filiação ao PSB] É filiação democrática. Não é o mais do mesmo, não é previsivel. É o que surpreendeu. Porque a política não é só previsibilidade."
Marina citou ainda que não pretende fazer "oposição por oposição". "Achavam que já tinham nos abatido, mas estamos aqui para dizer que essa aliança não é para destruir, é para construir. Nosso objetivo não é oposição por oposição, nem situação por situação, é assumir posição."
A ex-senadora acrescentou que não entrou no PSB para participar da eleição. "Isso aqui não é Marina entrando num partido para participar da eleição. É Marina entrando num partido para chancelar o programa da Rede Sustentabilidade e, na discussão democrática, adensar o programa de candidatura que já está posta", disse.
Marina Silva relatou que, quando o TSE barrou o registro da Rede, ela própria pensou no PSB e tomou a iniciativa de procurar Campos. "Pensei 'acho que vou trabalhar plano C'. [..] Pensei 'quem é o plano C? É o Eduardo Campos, é o PSB. E por quê? [...] Primeiro porque é partido histórico, com bandeiras históricas, e no dia da fundação nos mandou carta assinada por seu presidente, antecipando esse momento que talvez só Deus sabia."
Terceira via
Segundo interlocutores, pesou na decisão o desejo comum de Eduardo Campos e Marina de construir uma "terceira via" no cenário político, que fuja da polarização entre PT e PSDB,  consolidada nas últimas eleições presidenciais. Há cerca de duas semanas, Campos anunciou que o PSB deixaria os cargos no governo federal para "ficar à vontade" para "debater" o Brasil.
Ainda pela manhã, Marina se reuniu com o presidente do PPS, Roberto Freire, para comunicar a proposta e tentar compor uma aliança. Freire, no entanto, que havia oferecido o PPS para Marina concorrer ao Planalto, não se comprometeu com o apoio e manifestou posição crítica à aliança.
Programas e partidos
No acordo entre Marina e Eduardo ficou acertada uma "convergência" dos programas partidários de cada partido. Isso inclui incorporar ao PSB propostas já preparadas pelo grupo da ex-senadora, identificada com a defesa do desenvolvimento sustentável. Foi lido no evento um documento sobre os termos da coligação - leia a íntegra no Blog do Camarotti.
Desde que teve negado o registro da Rede para concorrer em 2014, Marina recebeu convite de várias siglas, como o novato PEN e integrantes do PTB, além do próprio PPS. Agora, Marina e Campos devem buscar mais aliados para fortalecer a campanha do ano que vem.
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