Por Cilene Victor, via Facebook
Não aguento ler e ouvir tantas teses sobre Pedrinhas, todas
sustentadas única e exclusivamente no visível, no fato em si, com pouca ou
nenhuma análise.
Para o país que tem a quarta maior população carcerária do
mundo, o problema é muito maior e urgente, não dá para ficar no raso, muito
menos desviar a atenção com escândalo envolvendo a governadora e sua licitação
de lagostas.
Uma governadora, ops, uma família que deixa o estado chegar
na situação que está (quem conhece o Maranhão sabe que falo muito além de
Pedrinhas) não se constrange, não se inibe, não se intimida com nada. Esse é o
clássico comportamento da nova roupagem do coronelismo brasileiro.
Quanto ela gastou com frutos do mar nos anos anteriores?
Quantos veículos noticiaram isso?
Quantos vêm noticiando o que a família Sarney tem feito com
o Maranhão ao longo de décadas?
Acho que Pedrinhas só era invisível para nós da redoma do
Sudeste.
Se a imprensa brasileira cobrisse o Brasil saberia que
Pedrinhas era o que "nós" jornalistas gostamos (burramente) de chamar
de tragédia anunciada.
Precisamos entender o que está por trás do crescimento da
população carcerária brasileira. Se o país vive a ascensão das classes sociais,
incluindo as pobres, os que associavam índice de violência com pobreza têm o
que para nos dizer?
Quanto investimos no sistema prisional e quanto investimos
em Educação e Cultura? Tem relação, não tem? Se não tem, o que está por trás?
Filme da Sessão da Tarde? Ser bandido é bacana?
Os problemas complexos pedem um jornalismo mais bem
preparado, por isso estamos sempre levando surra.
Como professora de Jornalismo, aceito parte da bronca.
Cilene Victor, professora de jornalismo na Faculdade Cásper
Líbero e comentarista do Jornal da Cultura.
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