quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

PEDRINHAS NO JORNALISMO TOSCO

Por Cilene Victor, via Facebook
Não aguento ler e ouvir tantas teses sobre Pedrinhas, todas sustentadas única e exclusivamente no visível, no fato em si, com pouca ou nenhuma análise.
Para o país que tem a quarta maior população carcerária do mundo, o problema é muito maior e urgente, não dá para ficar no raso, muito menos desviar a atenção com escândalo envolvendo a governadora e sua licitação de lagostas.
Uma governadora, ops, uma família que deixa o estado chegar na situação que está (quem conhece o Maranhão sabe que falo muito além de Pedrinhas) não se constrange, não se inibe, não se intimida com nada. Esse é o clássico comportamento da nova roupagem do coronelismo brasileiro.
Quanto ela gastou com frutos do mar nos anos anteriores? Quantos veículos noticiaram isso?
Quantos vêm noticiando o que a família Sarney tem feito com o Maranhão ao longo de décadas?
Acho que Pedrinhas só era invisível para nós da redoma do Sudeste.
Se a imprensa brasileira cobrisse o Brasil saberia que Pedrinhas era o que "nós" jornalistas gostamos (burramente) de chamar de tragédia anunciada.
Precisamos entender o que está por trás do crescimento da população carcerária brasileira. Se o país vive a ascensão das classes sociais, incluindo as pobres, os que associavam índice de violência com pobreza têm o que para nos dizer?
Quanto investimos no sistema prisional e quanto investimos em Educação e Cultura? Tem relação, não tem? Se não tem, o que está por trás? Filme da Sessão da Tarde? Ser bandido é bacana?
Os problemas complexos pedem um jornalismo mais bem preparado, por isso estamos sempre levando surra.
Como professora de Jornalismo, aceito parte da bronca.
Cilene Victor, professora de jornalismo na Faculdade Cásper Líbero e comentarista do Jornal da Cultura.
Bookmark and Share

Nenhum comentário:

Postar um comentário