Do G1, em Brasília
O candidato a presidente do PSB, o ex-governador de
Pernambuco Eduardo Campos, morreu na manhã desta quarta-feira (13) após a queda
do jato particular em que viajava em um bairro residencial em Santos, no
litoral paulista. Ele tinha completado 49 anos no último domingo (veja fotos da
trajetória do presidenciável).
Chovia no momento do acidente (veja como foi). A Aeronáutica
informou em nota que o avião decolou do aeroporto Santos Dumont, no Rio de
Janeiro, com destino ao aeroporto de Guarujá (SP). "Quando se preparava
para pouso, o avião arremeteu devido ao mau tempo. Em seguida, o controle de
tráfego aéreo perdeu contato com a aeronave", informou a nota (leia a
íntegra da nota ao final desta reportagem).
Moradores disseram ter visto uma bola de fogo no céu. O
avião caiu no quintal de uma casa. abandonada, no bairro Boqueirão. Os
destroços atingiram outras residências vizinhas. Dez pessoas tiveram ferimentos
leves e precisaram ser encaminhadas para hospitais da região. Todas foram
liberadas. A análise da caixa-preta do avião, que poderá ajudar na determinação
da causa do acidente, será feita no Centro de Investigação e Prevenção de
Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), em Brasília.
Campos tinha uma programação de campanha em Santos nesta
quarta. De acordo com a assessoria do candidato, ele participaria às 8h, às
9h30 e às 14h30 de programas de emissoras locais de televisão. Às 10h30,
concederia uma entrevista coletiva e às 12h30 iria a um seminário sobre o Porto
de Santos.
A bordo da aeronave (veja como foi a queda do avião),
estavam sete pessoas, das quais cinco passageiros (Campos e quatro assessores
da campanha) e dois tripulantes. Veja a lista dos mortos:
- Eduardo Campos, candidado à Presidência
- Alexandre Severo e Silva, fotógrafo
- Carlos Augusto Leal Filho (Percol), assessor
- Pedro Valadares Neto, assessor e ex-deputado federal
- Marcelo de Oliveira Lyra, cinegrafista- Geraldo Magela
Barbosa da Cunha, piloto
- Marcos Martins, piloto
A Polícia Federal abriu inquérito para investigar o motivo
do acidente. A PF enviou peritos para Santos a fim de trabalhar na apuração do
caso. Aeronáutica e Polícia Civil também vão investigar.
O governador Geraldo Alckmin (PSDB) se deslocou para a
cidade depois de tomar conhecimento da morte de Campos. "Estamos diante de
uma tragédia que entristece todo o país. Quero em nome do povo de São Paulo
trazer nossos sentimentos a todos os familiares das pessoas que perderam a vida
nesse acidente", afirmou Alckmin.
Os principais adversários de Campos na campanha eleitoral, a
presidente Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB), cancelaram os compromissos
de campanha. Todos os comitês de Dilma suspenderam as atividades após a
confirmação da morte. "Estou absolutamente perplexo", afirmou Aécio
Neves no Rio Grande do Norte.
A presidente decretou luto oficial de três dias.
"Estivemos juntos, pela última vez, no enterro do nosso querido Ariano
Suassuna. Conversamos como amigos. Sempre tivemos claro que nossas eventuais
divergências políticas sempre seriam menores que o respeito mútuo
característico de nossa convivência", afirmou a presidente em nota oficial.
"O Brasil perde um dos seus mais talentosos políticos, que sempre lutou
com idealismo por aquilo em que acreditava. A perda é irreparável e
incompreensível", declarou Aécio.
Nove anos antes, em 2005, no mesmo dia (13 de agosto),
morreu o avô do presidenciável, Miguel Arrais, de quem Campos era herdeiro
político.
Campos deixou o governo de Pernambuco em abril deste ano
para concorrer à Presidência da República. Ele começou na vida política aos 21
anos. Foi deputado federal, ministro da Ciência e Tecnologia no governo de Luiz
Inácio Lula da Silva (PT) e governou Pernambuco por dois mandatos (veja a
trajetória política).
No ano passado, ele fechou um acordo com a ex-senadora
Marina Silva que, não conseguiu registrar na Justiça Eleitoral o partido Rede
Sustentabilidade a tempo de concorrer na eleição presidencial. Pelo acordo,
Marina e integrantes da Rede ingressaram no PSB, e ela se tornou candidata a
vice na chapa de Campos.
Segundo a mais recente pesquisa de intenção de voto do
Ibope, divulgada no último dia 7, ele tinha 9% das intenções de voto, atrás de
Dilma, com 38%, e Aécio, com 23%.
De acordo com a legislação eleitoral, o PSB poderá registrar
em até dez dias outro candidato para substituir Eduardo Campos na disputa pela
Presidência da República. Qualquer filiado pode ser indicado, sem a necessidade
de que o partido realize outra convenção. Marina Silva é a mais cotada para
assumir o posto de candidata no lugar de Campos. Para cientistas políticos, a
sucessão presidencial se tornou imprevisível.
A morte de Eduardo Campos repercutiu de imediato no mundo
políítico e também na imprensa internacional.
"Estamos muito chocados com tudo", afirmou o
deputado federal Marcio França (PSB), presidente do diretório estadual do
partido em São Paulo. França relatou que a mulher de Campos e o filho voltaram
do Rio de Janeiro para Pernambuco em um avião de carreira.
Marina Silva se disse em "profunda tristeza"
durante curto e emocionado pronunciamento na Prefeitura de Santos.
"Durante esses dez meses de convivência aprendi a respeitá-lo, admirá-lo e
a confiar nas suas atitudes e nos seus ideais de vida. Dez meses de intensa
convivência. [...] Eduardo estava empenhado com esses ideais até os útlimos
segundos de sua vida", afirmou.
No site da campanha, a coligação Unidos pelo Brasil, que
reúne PSB, PPS, PPL, PHS, PRP, PSL, além da Rede, publicou texto afirmando que
"a perda de Eduardo encerrou sua vida, mas não seus ideais. Fica a semente
da esperança que move diariamente os brasileiros criativos e empreendedores,
capazes de transformar em virtuoso seu duro cotidiano".
O PSB afirmou em nota que o Brasil perdeu um "jovem e
promissor estadista". "Não é só Pernambuco e sua gente que perdem seu
líder; não é só o PSB que perde seu líder. É o Brasil que perde um jovem e
promissor estadista", diz a nota.
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