O acordão realizado entre líderes do governo e da oposição
de direita no início desse mês, em Brasília, mostra que nem o PT nem o PSDB querem
realmente investigar qualquer coisa do recente escândalo da Petrobrás. E não é
por menos, já que esses dois partidos estão envolvidos até o pescoço com as
denúncias de corrupção.
Pelo acordo costurado na CPI mista, nem Palocci, Dilma, Lula
ou Aécio, e demais políticos do PT ou PSDB, devem ser convocados para prestarem
depoimentos. De um total de 497 requerimentos, apenas os que não comprometiam
os partidos foram aprovados. A CPI também não aprovou os pedidos de quebra de sigilo
bancário, fiscal e telefônico das empreiteiras envolvidas nas maracutais.
O mais recente escândalo da Petrobrás explodiu na chamada
"Operação Lava Jato" da Polícia Federal e a prisão do doleiro Alberto
Youssef, acusado de lavagem de dinheiro. As investigações apontaram um
megaesquema de cartel, superfaturamento e pagamento de propina na Petrobrás e
grandes empresas, cujo articulador seria o ex-diretor de Refino e
Abastecimento, Paulo Roberto Costa, também preso na operação. Como funcionava
isso? As empreiteiras, como a OAS, Odebrecht, Camargo Correa, entre outras, se
reuniam, dividiam entre si os contratos com a Petrobrás, superfaturavam os
valores e depois deixavam 3% pra propina, que ia pros bolsos dos políticos e
pra bancar campanhas eleitorais.
Inicialmente, o escândalo atingiu o PT e partidos aliados
como o PP e o PMDB. No entanto, surgiram indícios que o PSDB também se
beneficiou com essa farra. Paulo Roberto teria dito em depoimento que o
ex-presidente da sigla, Sérgio Guerra, morto em março deste ano, recebeu R$ 10
milhões para esvaziar a CPI da Petrobrás em 2009. Outros políticos tucanos
também teriam metido a mão nesse dinheiro.
Esse escândalo mostra que tanto o PT quanto o PSDB se
beneficiaram do desvio da Petrobrás e que não estão comprometidos com nenhuma
investigação. É cínica e hipócrita o discurso de Aécio cobrando investigação,
enquanto por debaixo dos panos faz acordão com o PT. Estão todos comprometidos
com o esquema e com as próprias empreiteiras envolvidas, todas grandes doadoras
de campanha para ambos os partidos. Dessa forma, Aécio já queima na largada como oposição.
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