Ex-presidente da Câmara e um dos políticos de proa em
Brasília nos últimos 40 anos, o deputado Inocêncio Oliveira (PR-PE) fez na
tarde desta quarta-feira (19) um longo discurso no plenário para marcar a sua
aposentadoria.
Com 76 anos e no final do seu décimo mandato consecutivo
como deputado, Inocêncio foi um dos líderes da Arena, a sigla de apoio à
ditadura militar (1964-1985) e do PFL (hoje DEM) no auge da legenda, durante a
gestão do presidente Fernando Henrique Cardoso (1995-2002).
"Vou concluir meu mandato parlamentar no sentimento do
dever cumprido e aposentar-me pela Previdência Social como qualquer trabalhador
brasileiro", discursou o deputado, em uma fala que se estendeu por mais de
duas horas devido aos vários apartes de colegas do governo e da oposição.
No discurso, ele exaltou a democracia e enumerou os vários
cargos que ocupou em sua carreira política. A mulher, duas filhas e duas netas acompanharam
a sessão.
Inocêncio presidiu a Câmara em 1993 e 1994, mas entrou em
declínio político após ser derrotado por Aécio Neves (PSDB) em 2001, quando
tentava novamente voltar ao comando da Casa.
Apesar disso, desde 1989 o pernambucano ocupou vários cargos
na Mesa Diretora, o que lhe rendeu o apelido de "deputado
guardanapo", que não sai da mesa.
Após deixar o PFL, o deputado passou ainda pelo PMDB antes
de ingressar no PL, hoje PR, sua atual sigla. Ele não conseguiu se manter na
Mesa nas eleições internas de 2013 e não disputou a reeleição neste ano.
Oficialmente, seu último mandato se encerra no final de janeiro.
Nos últimos anos o deputado vem enfrentando problemas de
saúde, como artrose e dificuldades de audição.
Na década passada, Inocêncio foi condenado pela Justiça do
Trabalho sob a acusação de manter funcionários em situação análoga à escravidão
em uma fazenda no Maranhão. Na parte criminal, o Supremo Tribunal Federal
rejeitou a acusação e arquivou o inquérito sobre o caso.
Da Folha de S. Paulo
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