Da Época
Na manhã da sexta-feira (14), Renato Duque, ex-diretor da
Petrobras, recebeu a visita de policiais federais em seu apartamento na Barra
da Tijuca, no Rio de Janeiro. Duque vivia, oito meses depois, a mesma
experiência de Paulo Roberto Costa, que fora seu colega na diretoria da
Petrobras durante oito anos. Duque soube que era acusado de participar de um
esquema de corrupção que grassou durante sua gestão na estatal. Saiu de casa
conduzido pelos policiais, como o mais novo preso pela Operação Lava Jato, uma
investigação sobre lavagem de dinheiro que atingiu o coração da maior estatal
brasileira, das maiores empreiteiras e de três partidos políticos. Duque estava
naquela situação porque fora delatado por Paulo Roberto. Como ele, diretores de
oito empreiteiras foram procurados pelos policiais em cinco Estados e no
Distrito Federal.
A sétima fase da Lava Jato foi para a rua na sexta-feira,
com 300 policiais federais e 50 auditores da Receita Federal. Por determinação
do juiz federal Sergio Moro, a PF saiu às ruas para executar 85 mandados
judiciais: seis de prisão preventiva, 21 de prisão temporária, nove de condução
coercitiva e 49 de busca e apreensão. A Justiça ainda decretou o bloqueio de
aproximadamente R$ 720 milhões em bens pertencentes a 36 investigados. Uma
enormidade, só possível porque, meses atrás, premidos por provas irrefutáveis
que os condenariam a uma vida no cárcere, Paulo Roberto e seu parceiro de
negócios, o doleiro Alberto Youssef, aceitaram colaborar com a Justiça e contar
tudo o que sabiam, viram ou fizeram num esquema que sorveu recursos da
Petrobras para abastecer o caixa de PT, PP e PMDB e deu, de acordo com as
denúncias, lucro a nove das maiores empreiteiras brasileiras.
Duque caiu em desgraça no mês passado, quando Paulo Roberto
e Youssef disseram em seus (já) lendários depoimentos à Justiça Federal como
funcionava o esquema. Naquele dia, Paulo Roberto abriu uma espécie de bueiro da
corrupção na Petrobras. A Lava Jato começava a se transformar na Operação Limpa
Fossa. Paulo Roberto contou que as diretorias controladas por PT, PP e PMDB
cobravam propina de 3% sobre cada contrato celebrado pelas empreiteiras com a
Petrobras. Desses 3%, 2 pontos percentuais iam para o PT, e 1 ponto percentual
para o PP – isso na diretoria que ele comandava, de Abastecimento. No caso da
Diretoria de Serviços, de Duque, Paulo Roberto não soube entrar em detalhes,
mas deu a entender que toda a propina
era entregue ao PT. “Dentro da área de serviços, tinha o diretor (Renato)
Duque, indicado na época pelo ministro da Casa Civil, José Dirceu”, disse Paulo
Roberto. “Ele (Duque) tinha essa ligação com o João Vaccari dentro desse
processo do PT.” Vaccari é secretário de finanças do PT.
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