Por Luiza Erundina
Parabéns São Paulo pelos teus 461 anos de história!
Admirável história que se escreve, dia após dia, pelos
milhões de cidadãos e cidadãs que aqui nasceram ou que para cá vieram e cujas
raízes estão plantadas nos mais longínquos rincões do Brasil e do mundo.
É uma oportunidade para se resgatar a memória dos feitos
históricos de seu povo no passado e de refletir sobre seus impasses no
presente, com os olhos voltados para seu futuro.
A metrópole deste começo de século tem seus alicerces na
vila dos jesuítas, fundada em 25 de janeiro de 1554, quando os padres da Companhia
de Jesus, entre eles José de Anchieta e Manoel da Nóbrega, construíram, onde é
hoje, o Pátio do Colégio, um barracão de taipa para ensinar o catecismo e as
primeiras letras aos índios e aos filhos dos colonizadores.
O núcleo inicial se transformou na “Cidade dos Bandeirantes”
em referência às “Bandeiras” que, sob o comando dos paulistas, rasgaram o
interior do Brasil, definindo, assim, a história e os destinos da Colônia nos
séculos 17 e 18.
Nas primeiras décadas do século passado, São Paulo transformou-se
na principal metrópole brasileira, na condição de capital do café. Com o
processo de industrialização e urbanização do Brasil, a partir de 1930, passou
a ser o maior pólo industrial do país.
É, pois, uma grandiosa história de lutas e conquistas, escrita
pelas sucessivas gerações que constroem São Paulo, a cidade dos mil povos.
Devemos honrar o legado que as gerações passadas nos deixaram, construindo, no
presente, uma cidade justa e democrática, onde todos e todas tenham direito a
ela e onde lhes seja assegurado o pleno exercício de cidadania.
Para tanto, e pela vontade e ação coletiva de seus
habitantes, deve se transformar num espaço de convivência solidária, em que o
direito de todos à dignidade e à vida urbana se sobreponha à liberdade absoluta
de alguns que dela se apropriam como objeto de especulação e de lucro.
Demandas e soluções contraditórias se colocam todo dia para
o governo da cidade, e precisam ser administradas no interesse da maioria e com
a participação e o controle da sociedade civil organizada, o que supõe a
existência de mecanismos de aproximação povo/governo.
É evidente que as causas e possíveis soluções para os
problemas que a cidade enfrente não estão apenas no âmbito do poder municipal e
de suas competências institucionais, cabendo parte da responsabilidade aos
outros dois níveis de governo: o estadual e o federal. Contudo, o município de
São Paulo conta com o terceiro maior orçamento do país, que, administrado com
competência, inversão de prioridades, criatividade e, sobretudo, com ética,
poderá contribuir para solucionar ou, pelo menos, atenuar parte dos problemas
que afetam, sobretudo, a população trabalhadora.
Ao te saudar, São Paulo, pelo teu aniversário, desejo que o
direito à cidade seja assegurado a todos os cidadãos e cidadãs que aqui vivem e
te constroem como um patrimônio comum.
Luiza Erundina de Sousa, ex-prefeita de São Paulo e deputada
federal.
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