No documento, a legenda de Dilma acusa uma espécie de
estelionato eleitoral praticado na campanha de 2014, quando ela usou seu tempo
de propaganda para reafirmar a manutenção da política social da administração
petista. “O partido decide propor ao governo que dê continuidade ao debate com
o movimento sindical e popular, no sentido de impedir que medidas necessárias
de ajuste incidam sobre direitos conquistados, tal como a presidenta Dilma
assegurou na campanha”.
Sem o aval do partido, o clima entre os líderes da base no
Congresso é de total paralisia em relação à articulação política para aprovação
do pacote de cortes de benefícios, materializados nas Medidas Provisórias 664 e
665, que estão na fila de apreciação. O constrangimento é geral. Em meados de
janeiro, o PT até tentou colocar panos quentes na polêmica. O ministro das
Comunicações, Ricardo Berzoini, surgiu com argumentos de que a política de
cortes do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, avalizada pela presidente, seria
um “ajuste social”.
A polidez durou pouco. Assim que as centrais trabalhistas
colocaram os carros de som na rua para protestar, parlamentares do PT mais ligados
aos movimentos sindicais aderiram ao bloco da oposição e se instalou uma
confusão.
O senador Lindbergh Farias (PT-RJ) afirma que o ajuste
econômico deveria atingir as parcelas mais abastadas da sociedade e sugeriu a
tributação de grandes fortunas como alternativa para ampliar receitas em vez de
diminuir despesas. O deputado Vicentinho (PT-SP), ex-líder do PT, critica a
nova regra que reduz o tempo de pagamento de pensão por morte para evitar que
viúvos ou viúvas jovens recebam o benefício por grande parte da vida.
A bancada do PCdoB na Câmara, liderada pela deputada Jandira
Feghali (RJ), também marcou posição contrária às MPs. De acordo com Jandira, o
governo deveria investir em mecanismo de combate a fraudes para reduzir os
custos dos benefícios e não os direitos conquistados pelos trabalhadores.
Até mesmo a Central Única dos Trabalhadores (CUT), entidade
irmã do PT, partiu para o ataque contra a presidente Dilma. O presidente da
CUT, Vagner Freitas, afirmou que o Planalto “meteu os pés pelas mãos” e criou
uma imagem negativa para o histórico da administração petista. “O governo
cometeu um equívoco estapafúrdio, uma coisa desorientada, de editar medidas
provisórias sobre assuntos que nós estávamos negociando desde 2007.”
Apesar do bloco da resistência cada vez aumentar mais,
internamente, o presidente do partido, Rui Falcão, defende apoio ao governo. O
principal argumento é que revoltas internas em um momento de fragilidade
política só facilitam a vida da oposição.
Da ISTOÉ
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