A oposição entre a “Liberdade” e a “ Igualdade” vem
dominando a política desde, ao menos, o século XIX. Muito sangue já foi
derramado nesta disputa e as posições parece que se tornam cada vez mais
inconciliáveis. Hoje em dia, a Esquerda e a Direita adquiriram vida própria e,
mais do que ideologias, se transformaram em estilos de vida. Não que seja
impossível se promover arranjos que contemplem as duas. O problema é que os
“radicais” de cada facção fazem questão de preservar a sua pureza. Qualquer um
que se atreva a inovar seus conceitos é logo tachado de “revisionista” e
descartado do baralho.
As duas vertentes ideológicas alimentam atualmente,
inclusive, uma semântica própria. Na época do “mensalão”, por exemplo, não
foram poucas as vezes em que observei, através de meus artigos que “Se Deus
perdoa os pecadores que se arrependem de suas faltas, no caso do PT, ele nada
teria a fazer....” O problema é que os mensaleiros nunca se arrependiam de
nada. Aos olhos deles, nada mais faziam do que expropriar dinheiro da burguesia
para usá-lo contra a própria burguesia. Se cobrassem, para tanto, uma módica
“taxa de serviço” isso era considerado plenamente justificável: Uma evidência
concreta desse comportamento foi a altivez o dos “mensaleiros” a caminho da
cadeia, para onde foram condenados não por crimes políticos, vale lembrar, mas
sim por crimes comuns. Geralmente os condenados caminham para as celas,
escondendo o rosto. Os petistas, não. Foram para a reclusão erguendo os braços
em demonstração de júbilo. Eles estavam se sentindo como heróis.
Por falar nas divergências abissais que existem entre o PT e
os demais partidos, vale lembrar que, atualmente, uma discussão que vem
empolgando a militância petista
diz respeito à questão do mérito nas Universidades. No nosso
modo de pensar, a meritocracia é um valor indiscutível. As melhores recompensas
são destinadas aos melhores professores e alunos. Com isso ficam obsoletas os
demais critérios de promoção , como o nepotismo, o favoritismo, os privilégios
de parentesco, a filiação política, e outros métodos espúrios. Desde a China
antiga o mérito prevalece, permitindo à Nação escolher sempre os seus quadros dirigentes
entre os indiscutivelmente melhores.
Nos EUA a meritocracia só viria a ser implantada no século
XIX depois que o presidente James Garfield foi assassinado em 1881, crime que
comoveu profundamente a Nação. O crime havia sido cometido por um militante de
seu partido, inconformado por não ter sido nomeado para o cargo que pretendia
O sistema de mérito está implantado, hoje em dia, em todo o
mundo, com exceção da Coréia do Norte, de Cuba e de outras nações sem maior
expressão.
Novidade! O PT pretende banir a meritocracia!
Um dos motivos, alegam os seus adeptos, é o de que o sistema
do mérito atenta contra o princípio da “Igualdade”.
O raciocínio por trás desta tese é tortuoso, porém está de
acordo com a aspiração de “Igualdade extremada” defendida pelo partido. Vamos
tentar decifrá-lo:
Em princípio todas as pessoas são absolutamente iguais e
assim devem ser tratadas, sem que se leve em conta, diferenças de inteligência,
compleição física, aptidões, talentos e empenho .O papel da escola é nivelar
essa diversidade e nunca o de acentuá-la. Para tanto, é mais justo o sistema de
cotas, que leva em conta essas diferenças, do que o de mérito, que só as
acentua. Um adulto, que alcança um título de doutor, sempre tentará prevalecer
sobre os seus semelhantes, conseguirá melhores salários e sempre poderá
justificar-se, valendo-se do seu “mérito”, devidamente certificado pelas
universidades
Traduzindo tudo isso para um português compreensível:
Quando houver uma olimpíada, ao invés de disputa-la com um
atleta que
pule 2 metros, o mais correto é montar uma delegação com 4
atletas que pulem 50cm cada um.
Deu para entender?
Outra diferença incontornável que existe entre a esquerda e
a direita, diz respeito à forma de raciocinar . Nós, os normais – não vou dizer
que somos de direita, o que não é necessariamente verdadeiro - fomos criados
através dos conceitos da “lógica formal”. Para a maioria de nós : O Mas a
esquerda inovou, neste sentido, e se apropriou dos conceitos de Hegel,
principalmente no que diz respeito à “lógica dialética” e a partir daí criou-se
a maior das confusões. Segundo esta lógica confusa: “o que não é, pode vir a
ser” e mesmo “ o que é, pode deixar de ser”. Quanto às dúvidas, elas somente
podem ser dirimidas pelo Comitê Central do Partido. E este comitê não toma
decisões lastreado na verdade, mas sim no que é conveniente ao Partido. Nesse
aspecto, Trotski cunhou a melhor definição: “Só podemos ter razão com o partido
e através do Partido, porque a História não criou nenhuma outra forma de
fazê-lo.”
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