Por Bruna Siqueira Campos, do Diario de Pernambuco
Tem alguma coisa errada com o slogan do governo federal.
Porque o “Brasil, Pátria Educadora” não vem passando incólume pelas tesouradas
da equipe econômica. Do Fies ao Pronatec, as queixas das instituições que
integram os programas em Pernambuco e nos demais estados - seja o de
financiamento estudantil ou o de acesso ao ensino técnico - é de
contingenciamento, atrasos nos repasses.
Além de educadora, a pátria está endividada. Se as
faculdades privadas viveram uma onda positiva que repercutiu na Bovespa por conta
do porto seguro que é receber dinheiro do governo, agora a preocupação é outra.
Desde o início do ano, as mais de 40 instituições no estado cadastradas no Fies
receberam a má notícia de que, em 2015, não receberão as 12 parcelas dos alunos
matriculados através do sistema.
Os esforços para colocar as contas da União no lugar levaram
o governo a anunciar que serão apenas oito pagamentos, a cada 45 dias. E ainda
existe um desconto de 7%, referente ao risco de inadimplência, conforme explica
um gestor da área. As quatro parcelas pendentes serão jogadas para o final do
contrato, depois da formatura destes estudantes, o que certamente vai
comprometer o colchão financeiro que muita instituição formou nos últimos anos
- motivo que alertou os investidores e forçou a desvalorização dos papéis de
grandes grupos na Bolsa. Tem empresa do setor no estado que recebe 60% de suas
mensalidades pelo Fies, para se ter uma ideia.
Mas isso não é tudo: no dia 2 deste mês, publiquei aqui na
coluna que o Senac Pernambuco havia deixado de fazer novas matrículas no
Pronatec, por conta das faturas penduradas pelo Ministério da Educação. O fato
mobilizou a entidade a bater na porta do MEC, lá em Brasília. Também, pudera:
de outubro de 2014 até fevereiro, são pelo menos R$ 19 milhões a receber,
segundo conta o presidente do Sistema Fecomércio/Senac/Sesc, Josias
Albuquerque.
Já o presidente em exercício da Fiepe, Ricardo Essinger,
comenta que as interpelações em nome do Senai estadual estão sendo feitas via
Confederação Nacional da Indústria (CNI). A informação divulgada ontem, de que
serão repassados R$ 119 milhões a instituições de ensino em todo o país para
amortizar o débito, alivia as entidades, mas é pouco diante da fatura no
vermelho. Por enquanto, o que tem é muito empresário dando uma de São Tomé: “só
acredita vendo”.
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