A pantomima petista chegou ao fim. O custo é imenso. E vai
cobrar a fatura de gerações, podem escrever
"Soc, poft, pow! Coxinha. Golpista!"
Eis o som presente do mar futuro de gente nas ruas no
próximo dia 15. Ali vão as onomatopeias e vitupérios produzidos pelos
milicianos petistas contra pessoas comuns, que pagam impostos e estão cansadas
de ser roubadas. Pois é... Os companheiros acham que chegou a hora de nos pegar
na porrada.
Na segunda, enquanto Lula e seus "tontons macoute"
faziam um ato "em defesa da Petrobras", no Rio --o que supõe
distribuir sopapos didáticos para ensinar a essa brasileirada o valor do
patriotismo--, a Moody's anunciava o rebaixamento da nota da estatal. Bastava
que caísse um degrau para passar do azul para o vermelho, do grau de
investimento para o especulativo. Mas a agência empurrou a empresa escada
abaixo: a queda foi logo de dois --e ainda com viés negativo.
A presidente Dilma Rousseff, com a clarividência habitual,
atribuiu a decisão "à falta de conhecimento". É verdade. A agência, o
mercado e todo mundo desconhecem, por exemplo, o balanço da empresa. O que se
dá como certo é que o governo indicou uma diretoria para o exercício da
contabilidade criativa, com Aldemir "Hellôôô" Bendine à frente. A
crise, no Brasil, também é brega.
A realidade ganhava, assim, traços de caricatura, de
narrativa barata, de roteiro de filme de segunda linha. Enquanto Lula, o grande
sacerdote do modelo que levou a Petrobras ao desastre, oficiava na ABI mais uma
de suas missas macabras, disparando contra elites imaginárias, a empresa
passava a arcar com mais um custo das forças malignas que ele conjurava. Havia
pouco, Paulo Okamotto, o sócio do Babalorixá de Banânia, explicara em
entrevista como o partido lida com as empreiteiras: "Funciona assim: 'Você
está ganhando dinheiro? Estou. Você pode dar um pouquinho do seu lucro para o
PT? Posso, não posso.'"
Das expressões ou palavras que criei para definir esses
seres exóticos, "petralha" é a mais popular, mas não é a de que mais
me orgulho. Gosto mesmo é de "burguesia do capital alheio", que é
como chamo os companheiros desde meados da década de 90, antes ainda de sua
ascensão, quando fingiam ares de resistência.
Sempre me impressionou a facilidade com que se insinuavam
nas estruturas do Estado e das empresas privadas e passavam a ser beneficiários
do esforço de terceiros. Voltem lá a Okamotto. Jamais lhe ocorreria indagar se
os empresários podem dar um pouco do seu risco ao PT. O partido se apropria é
de uma parte do lucro. A expressão que criei serve para designar o petismo, mas
poderia definir a máfia.
O modelo entrou em colapso. Se Dilma será ou não impichada,
não sei. Como escrevi nesta Folha, golpe é rasgar a lei e a Constituição
democraticamente pactuadas. O que dá para saber, e isto é certo, é que a
pantomima petista chegou ao fim. O custo é imenso. E vai cobrar a fatura de
gerações, podem escrever. As ruas vêm aí, e Lula, o irresponsável da
segunda-feira, com seus milicianos, nada pode fazer pela governanta. Ao
contrário: é ele, hoje, quem a desestabiliza.
A presidente tem de se escorar no braço de Eduardo Cunha e
repetir Blanche DuBois, a doidona de "Um Bonde Chamado Desejo", quando
decide seguir pacificamente para o hospício, em companhia de um alienista:
"Seja você quem for, eu sempre dependi da boa vontade de estranhos".
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