Artigo de Roberto Freire, via Blog do Noblat
O desmantelo que caracteriza o governo de Dilma Rousseff,
refletido pela ampla rejeição à presidente verificada nas últimas pesquisas,
atinge também a educação. Aquela que talvez seja a área mais importante para o
futuro do país, contemplada pelo marqueteiro oficial com o slogan “pátria
educadora” como palavra de ordem, é uma das que mais sofrem com o descaso, o
abandono e a incompetência de quem não tem nenhum compromisso com o Brasil,
apenas com seus próprios interesses.
O resultado de tamanha desfaçatez não demorou a aparecer, e
a peça de ficção construída pela propaganda enganosa do PT ruiu mais uma vez.
Segundo um relatório divulgado pela Organização das Nações Unidas para a
Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), o país cumpriu apenas duas das seis metas
fixadas em 2000 pelo Marco de Ação Educação Para Todos (EPT), compromisso
firmado por 164 nações, para o período até 2015.
Os únicos objetivos alcançados pelo Brasil, na esteira de
avanços que já haviam sido conquistados durante o governo de Fernando Henrique
Cardoso, foram a educação primária universal (primeiro ciclo do ensino
fundamental, do 1º ao 5º ano) e a paridade de gênero (mesma proporção entre
meninas e meninos) nas escolas.
O estudo ainda aponta que o Bolsa Família – cantado em prosa
e verso pelo lulopetismo como a solução de todos os problemas – “não enfrenta
os desafios” dos mais pobres na área educacional, embora melhore suas condições
de vida de forma imediata e temporária. Também não se alcançou um nível
razoável de expansão da educação infantil (creche e pré-escola), especialmente
para as crianças mais vulneráveis, nem se ofereceram condições para que os
jovens concluam o ensino médio no tempo adequado.
Outro drama agravado nos últimos anos é o analfabetismo. De
acordo com a Unesco, o país não alcançou a meta de redução de 50% e concentra
38,5% dos analfabetos na América Latina. Dos 36 milhões de adultos
latino-americanos que não sabem ler nem escrever, 14 milhões são brasileiros.
Vale lembrar que também o IBGE já havia registrado, entre 2011 e 2012, um
vergonhoso aumento no índice de analfabetismo do país, após 15 anos de quedas
consecutivas, com um acréscimo de cerca de 300 mil pessoas ao grupo daqueles
que são incapazes de se comunicar pela escrita.
A opção profundamente equivocada dos governos Lula/Dilma de
apenas transferir recursos e bolsas para a área educacional, ao invés de criar
programas consistentes e de qualificação, fez com que o Brasil regredisse e
atrasasse o desenvolvimento de milhões de crianças e adolescentes. Para o PT, e
isso ficou claro nos últimos 12 anos, o que importa é a quantidade de novos
cursos, faculdades e universidades país afora, e não a qualidade do ensino
oferecido aos jovens brasileiros. Infelizmente, pagaremos durante algumas
décadas por tanta irresponsabilidade.
A “pátria educadora” anunciada pela presidente da República
não se sustenta para além da propaganda nem se ampara nos fatos, que insistem
em desconstruir essa realidade edulcorada. Trata-se de um lema que não diz
nada, de um mero deboche contra os brasileiros, de um engodo falacioso criado
sob medida para tentar ludibriar os cidadãos. Mas a esmagadora maioria do povo
brasileiro, que tem ido às ruas contra o atual governo e o PT, não se deixa
mais enganar.
Roberto Freire é deputado federal por São Paulo e presidente
nacional do PPS
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