BRASÍLIA - O fechamento recorde de 244 mil vagas no Brasil
nos primeiros cinco meses deste ano, de acordo com os números do Cadastro Geral
de Empregados e Desempregados (Caged), não é “um desastre”, na avaliação do
ministro do Trabalho, Manoel Dias. Ele minimizou o fechamento desses postos de
trabalho, recorrendo a comparações com o número de postos criados pelos
governos do PT (2003-2014).
“Nós geramos 23 milhões de empregos. Não são 200 mil, 300
mil (vagas cortadas) que significam que estamos vivendo um desastre”, disse, ao
ser questionado sobre o pior resultado desde 2002, quando começa a série
histórica do Caged. Segundo dados do próprio ministério, o saldo líquido de
admissões nos últimos 12 anos, que incluiu os dois governos de Luiz Inácio Lula
da Silva e o primeiro mandato de Dilma Rousseff, foi positivo em 18,4 milhões.
ogo após o anúncio do Programa de Proteção ao Emprego (PPE),
que tenta reverter o aumento crescente das demissões, Dias disse que a
expectativa do governo é que 2015 feche azul na geração de empregos. Analistas,
porém, estimam que o País perderá entre 650 mil e 1 milhão de postos de
trabalho no ano. “Se não houver recuperação da capacidade de investimento, isso
vai afetando. Mas temos perspectiva de recuperação no segundo semestre.”
A expectativa se baseia na tese de que, por razões sazonais,
o mercado de trabalho no Brasil tende a ser mais favorável no segundo semestre.
No entanto, para economistas, a intensidade da piora verificada nos cinco
primeiros meses do ano faz com que seja pouco provável que possa ocorrer
melhora nos próximos meses, que seja suficiente para inverter o quadro atual de
queda no emprego.
A avaliação do ministro sobre a realidade em que se
encontram os trabalhadores empregados não encontra respaldo nos dados de órgãos
oficiais. “As pessoas que não foram dispensadas estão com um salário bom, acima
da inflação, renda familiar altíssima”, afirmou Dias. De acordo com o IBGE, um
dos fatores para o aumento do índice de desemprego no Brasil é a queda do
rendimento médio dos trabalhadores, que obriga mais pessoas a voltar ao mercado
de trabalho para recompor a renda familiar.
Queda. Sob pressão de parcela do PDT que pede sua saída do
comando do Ministério do Trabalho, o ministro afirmou que não está preocupado,
embora esteja à disposição para deixar o cargo, se essa for a decisão do
partido. “Eu não tenho nenhuma preocupação. Se o partido decidir que eu saio
ontem, eu saio ontem. Se decidir que eu saio amanhã, eu saio amanhã”, disse.
Ele ponderou, entretanto, que nenhuma decisão está tomada e que ainda tem
“muito o que fazer” à frente da pasta.
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