O ex-ministro-chefe da Casa Civil José Dirceu informou o
juiz federal Sérgio Moro, que conduz os processos da Operação Lava Jato, na
noite desta terça-feira, 14, que “não aguenta mais a situação”. Em novo pedido
para não ser preso preventivamente no inquérito que investiga seu envolvimento
com o esquema de propina na Petrobras, por meio de sua empresa a JD Assessoria
e Consultoria, ele afirma que foi ”rotulado indelevelmente de inimigo público”.
“Com seus 70 anos e rotulado indelevelmente de inimigo
público, não aguenta mais a situação a qual é submetido diariamente”, informou
Dirceu, por meio de seu defensor, o criminalista Roberto Podval.
“A aflição do peticionário – e também de seus defensores – a
respeito de uma possível ordem de prisão contra si já é fato público e notório.
Não apenas pipocam diariamente na imprensa notícias sobre seu iminente
encarceramento, mas, também, todos os dias surgem ‘novos’ depoimentos que,
ainda segundo a mídia, complicariam a situação do peticionário”, diz o
criminalista, em petição anexado aos autos às 23h48.
A nova tentativa para afastar o risco de uma prisão
preventiva surgiu após depoimento do lobista Julio Gerin Camargo, na tarde
desta terça-feira, na Justiça Federal em Curitiba, em que ele afirmou ter pago
R$ 4 milhões para o ex-ministro a pedido do ex-diretor de Serviços da Petrobras
Renato Duque.
No pedido, Podval informou que buscou no Tribunal Regional
Federal – côrte superior – uma medida que afastasse o risco de prisão
preventiva nos autos da Lava Jato “tamanha a angústia” do ex-ministro, que é
condenado no mensalão e cumpre pena em regime domiciliar.
Segundo o criminalista, “para caracterizar de vez como
suplício a situação psicológica que se encontra” Dirceu, durante todo dia de
ontem um veículo de rede de televisão permaneceu estacionado na porta da residência
do ex-ministro, “certamente aguardando a tão esperada prisão”.
“E isso, para regozijo de uma sociedade que, infelizmente,
se contenta e festeja o encarceramento prévio, sem processo, sem formação de
culpa e sem qualquer observância ao sistema Constitucional que, ironicamente,
serviria para proteger essa mesma sociedade do arbítrios do Estado.”
Para a defesa, “à luz do princípio da presunção de
inocência”, o novo depoimento do lobista Júlio Camargo não pode servir de base
para uma preventiva. “Máxime quando o suposto delator (Júlio Camargo),
anteriormente, em nenhum momento narrou afirmado qualquer fato envolvendo o
peticionário, que tivesse o condão de lastrear uma custódia cautelar.”
À disposição. No documento Dirceu informou que por diversas
vezes procurou, via defesa, para se colocar à disposição para esclarecer todo e
qualquer questionamento e para tentar demonstrar a desnecessidade de uma prisão
preventiva.
“Não obstante, e apesar de seus pedidos formais para que
fosse ouvido (em Curitiba ou em Brasília, onde cumpre pena), o fato é que até
hoje não sinalizou a força tarefa qualquer esforço concreto nesse sentido. José
Dirceu nunca pôde, até o momento, mesmo querendo, explicar quaisquer dúvidas
porventura existentes quanto a seus negócios, realizados no passado.”
Da AE
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