Tudo indica que teremos uma das mais importantes licitações
para a cidade de São Paulo sem o devido planejamento e cuidado. Trata-se de uma
licitação de R$ 70 bilhões para o transporte de ônibus durante 20 anos e que
afetará o cotidiano de todos os cidadãos. Vou me limitar hoje a fazer
considerações sobre os cobradores, que ficarão fora desse novo processo.
Com a catraca eletrônica, eles passaram a exercer outras
funções dentro dos ônibus. Cobram em dinheiro dos passageiros que não têm
Bilhete Único (8% dos transportados), fiscalizam a utilização inidônea do
cartão (de terceiros) e também inibem passageiros de pular a catraca, evitando
evasão de receita. Assim como impedem o vandalismo no equipamento. Credo! Até
eu já assustei com tanto malfeito que pode ocorrer dentro de um ônibus!
Eles ajudam no embarque e desembarque dos idosos,
cadeirantes, gestantes e portadores de deficiência e avisam o motorista quando
fechar a porta, se o ônibus é articulado (aquele grande que tem sanfona) e ele
não consegue ter boa visão do que ocorre lá atrás. Isso, quando não têm que
interferir ou chamar a polícia em caso de uso de drogas, de assédio sexual ou
de agressões, de uso de equipamento sonoro alto, assim como fiscalizam o uso
adequado do assento especial. Pouco?
Esqueci de falar da importância do cobrador em caso de
incêndio, ação criminosa, mal súbito de algum usuário ou do próprio condutor.
São estes 16 mil parceiros do motorista que serão colocados
na rua. Ficarão sem emprego num momento de recessão, de mudança de regras para
desempregados e com céu que não é de brigadeiro para os próximos verões.
Os condutores não só apoiam a manutenção dos cobradores como
justificam que o trabalho ficará altamente comprometido sem o seu auxílio. Na
nova licitação os ônibus serão articulados. Hoje, sem visores na sua maioria,
os articulados exigem a orientação direta do cobrador. Alegam os motoristas que
também não têm condição de parar o ônibus para auxiliar cadeirantes e idosos, o
que também aumentaria sobremaneira o tempo de viagem.
Refletindo sobre estas questões, penso no emprego, ou
melhor, no desemprego, que chega avassalador no país, nos "ajustes"
aprovados e que tornarão a vida destes milhares de homens e mulheres muito mais
dura. Aponto o descontrole nas contas do governo, no populismo que resultou nas
"pedaladas", nas intervenções autoritárias que elevam nossa conta de
luz para 43%. Pelo tamanho da obra que atrasará o país em mais de década e pelo
sofrimento à população, a palavra que me ocorre para estes governos é maldade.
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