Acuada diante das irregularidades cometidas por seu governo
e que podem levar ao impeachment, Dilma Rousseff perdeu o pouco do que restava
de sua autoridade política e já não comanda o país. A recente reforma
ministerial, que até as paredes do Palácio do Planalto sabem ter sido
idealizada por Luiz Inácio Lula da Silva, desnudou uma realidade inescapável
contra a qual a presidente da República não consegue se insurgir: seu
antecessor reassumiu, na prática, o centro decisório do poder.
Como regente de um regime presidencialista cuja titular é
absolutamente inepta, Lula dá as cartas, substitui ministros, manda e desmanda,
como se não tivesse responsabilidade alguma pelo desgoverno que infelicita a
vida de milhões de brasileiros. Descabida e ultrajante, a supremacia do prócer
do PT sobre a chefe do governo nos remete ao período dos regentes ainda no
Brasil Império, iniciado com a abdicação de dom Pedro I, em 1831, e que durou
até que o herdeiro do trono imperial, então menor de idade, atingisse a
maioridade – embora naquele momento não houvesse tanta desqualificação moral
como nesses tristes tempos de Lula e Dilma.
O desespero do atual governo é tão evidente que a reforma
ministerial se deu partir do loteamento da Esplanada dos Ministérios por meio
da mais desavergonhada cooptação da parcela governista do baixo clero do PMDB,
com o único intuito de angariar apoio para impedir a tramitação do impeachment
no Congresso. Apesar do rasteiro toma-lá-dá-cá que tão bem caracteriza os 13
anos de poder do PT, Dilma não é capaz de estancar a ingovernabilidade, que
parece instalada de forma definitiva.
Sempre sob as ordens do regente Lula, o governo mostra que
não tem limites e agora apela a chicanas contra o Tribunal de Contas da União
(TCU) para conturbar o julgamento das criminosas “pedaladas fiscais”. O ataque
frontal às instituições da República e à própria democracia ainda pode reservar
outros capítulos sombrios, com eventuais investidas sobre o Supremo Tribunal
Federal, o que dá a medida do pavor de Dilma em relação ao impeachment cada vez
mais provável.
Ao contrário do que imaginam os áulicos do lulopetismo, a
regência do ex-presidente pode até dar certa sobrevida política ao governo, mas
nada além disso. O crime de responsabilidade está configurado com as pedaladas
fiscais, como já indicou o ministro relator do processo no TCU e está explícito
na petição pelo impeachment de Dilma protocolada na Câmara dos Deputados e
formulada por Hélio Bicudo, Miguel Reale Jr. e Janaína Paschoal.
Um ano após ser reeleita e apenas nove meses depois da posse
para o segundo mandato, Dilma Rousseff entregou o comando do governo ao seu
tutor e nacos de poder ao baixo escalão da base aliada. Sua única missão neste
momento, para a qual concentra todos os esforços, não é tirar o Brasil do buraco,
mas evitar a abertura de um processo de impeachment e se segurar na cadeira
presidencial por mais três anos e três meses – mesmo que, para tanto, tenha de
desafiar a Constituição da República, o Poder Legislativo e os tribunais. É
hora de dar um basta em tamanho desmantelo. O Brasil merece mais do que um
regente desmoralizado e uma presidente tutelada.
Via Blog do Noblat – Roberto Freire, é deputado federal por
São Paulo e presidente nacional do PPS.
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