Da Época
Sobranceiro, ele fez sete presidentes. Bruxo, começou logo
pelo que parecia impossível: reeleger, em 2006, um Lula que sobrevivera por
pouco ao mensalão. Parecia feitiçaria, e o feitiço ganhou o mundo. Não
exatamente o mundo. De acordo com a nova linha de investigação da Lava Jato,
ganhou os países onde a Odebrecht tinha interesses econômicos e Lula influência
política. À eleição do petista, seguiram-se os presidentes amigos do lulismo e
da empreiteira. Maurício Funes em El Salvador. Danilo Medina na República
Dominicana. José Eduardo dos Santos em Angola. Chávez e Maduro na Venezuela.
Enquanto fazia presidentes aqui e ali, cá e acolá, nas Américas e na África, o
bruxo aperfeiçoou seu domínio das artes ocultas do marketing político e –
abracadabra – elegeu uma desconhecida para o Palácio do Planalto. E, assim, o
marqueteiro João Santana e a presidente Dilma Rousseff chegaram ao topo. E lá
se mantiveram mesmo depois das eleições de 2014, sobranceiros. Ela, presidindo.
Ele, aconselhando.
A prisão do bruxo na segunda-feira da semana passada,
acusado de receber dinheiro do petrolão em contas secretas, desfez abruptamente
o feitiço do poder. Esvaiu-se a última esperança no PT de que a força
incontrolável da Lava Jato não adentraria o Palácio do Planalto. O bruxo está
enrascado. Com ele, Dilma e Lula. Acima deles, a Odebrecht, cujo chefe, Marcelo
Odebrecht, que faz companhia a João Santana na carceragem de Curitiba,
comandava, segundo os investigadores, um esquema internacional de pagamento de
propinas. É nesse grupo que a Lava Jato avança agora. Avança em meio aos
destroços políticos das prisões, rumo às provas de que o marqueteiro, a
empreiteira e o ex-presidente agiam juntos, aqui e lá fora. Segundo a suspeita
do Ministério Público, a Odebrecht bancava o marqueteiro que elegia os
presidentes amigos. A força-tarefa investigará também as gestões do
ex-presidente Lula junto a esses mesmos presidentes amigos, que liberaram à
Odebrecht dinheiro de contratos financiados pelo Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social, o BNDES. Vai investigar também as conexões
entre todos esses fatos.
A feitiçaria era perfeita como o melhor marketing político:
funcionava sem ninguém perceber. Não mais. Abracadabra.
Leia à íntegra da reportagem em Época desta semana que já
está nas bancas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário