Editorial, IstoÉ
O marqueteiro João Santana atuou nos últimos anos como um
ministro da propaganda dos governos petistas de Dilma e Lula. Foi ele quem na
ultima eleição presidencial em 2014 conseguiu com enganosas peças de campanha
ludibriar a opinião pública. Vendeu promessas de um futuro dourado. Escamoteou
as falcatruas e deslizes grosseiros do Governo. Apelou para táticas de terror
contra os adversários de Dilma.
Construiu enfim o clima de guerra eleitoral maculando
impiedosamente a reputação daqueles que se interpunham ao projeto de
perpetuação no poder do Partido dos Trabalhadores. Foi uma espécie de Joseph
Goebbels, o dirigente das comunicações de Hitler que ajudou a difundir a
ideologia nazista e seus falsos anseios de prosperidade para a Alemanha.
Aqui no Brasil Santana fez o diabo, como pediram seus
chefes! E saiu regiamente pago pela tarefa. Somente na disputa de 2014 embolsou
extraordinários R$ 88,9 milhões e conseguiu recolocar sua pupila no Planalto
para um segundo mandato. Desde então Santana foi tratado como o principal
estrategista, o “cérebro” por trás da imagem de Dilma e conselheiro-mor do
restrito círculo de confiança da presidente.
Na semana passada, Santana e sua mulher, Mônica Moura, foram
parar atrás das grades, acusados de receberem irregularmente cerca de US$ 7,5
milhões em contas no exterior. A polícia suspeita que o dinheiro tenha saído
diretamente do caixa da Petrobras, numa triangulação que pode confirmar as
graves irregularidades no financiamento da campanha presidencial de Dilma. Em
sua defesa o casal admitiu o crime de caixa dois, mas tentou desvincular tal
receita dos trabalhos de marketing executados aqui para o Partido.
Documentos da força-tarefa da Lava-Jato mostram, no entanto,
que ao menos nove depósitos do operador de propinas da Petrobrás, Zwi
Skornicki, foram feitos na conta do marqueteiro. Três desses repasses – cada um
da ordem de US$ 500 mil – teriam sido realizados entre julho e novembro de
2014, em plena disputa presidencial. Procuradores da justiça dizem que nunca
haviam conseguido provas tão contundentes quanto às dessa fase das
investigações.
Anotações dos envolvidos que falam em liberar dinheiro para
“Feira” (codinome do baiano João Santana, dada a sua origem na cidade de Feira
de Santana) e que “a conta na Suíça pode chegar a ela” (numa referência direta
a presidente), engrossam o caldo de documentos que pode levar a cassação do
mandato. O juiz Sergio Moro já havia encaminhado ao Tribunal Superior Eleitoral
um relatório demonstrando o uso de dinheiro desviado da Petrobras para financiar
as campanhas petistas.
As criminosas movimentações financeiras de Santana entram
nesse contexto como mais um elo da cadeia. Com ele, a Operação Lava Jato sobe
em definitivo a rampa do Planalto, apontando o uso de recursos ilícitos para a
eleição de Dilma. Mais grave: coloca o TSE na incômoda situação de ter, à
revelia, servido de “lavanderia” a recursos superfaturados do petrolão - cujas
sobras iam diretamente para o pagamento de gastos “legais” de campanha como a
do marqueteiro.
Inúmeros governadores e prefeitos já perderam seus mandatos
por bem menos. Ignorar as evidências de abuso de poder econômico justamente na
campanha presidencial de 2014 – e deixar de punir exemplarmente os
beneficiários -, pode arranhar de maneira irreparável a credibilidade do
Tribunal.
O marqueteiro e sua mulher, Mônica Moura, repetiram agora os
mesmos métodos do antecessor Duda Mendonça, que admitiu ter recebido via caixa
dois, também em conta no exterior, o pagamento pelos serviços prestados na
primeira eleição do ex-presidente Lula.
A crônica e sistemática propensão a práticas criminosas por
parte desses senhores, ao longo dos anos de gestão petista, só pode ser
explicada por uma forte sensação de impunidade que se alastra no Partido. O
sorriso escrachado da senhora Mônica, ao ser presa, como a zombar de todos os
brasileiros, é o retrato perfeito desse sentimento. Nem Goebbels faria melhor!
A sociedade só espera que nunca mais o Brasil seja saqueado
pelo Partido dos Trabalhadores, como acontece há mais de uma década, quando
tesoureiros, marqueteiros, presidentes da sigla e candidatos eleitos
transformaram a agremiação num bando de larápios sedentos por destruir o
estado, as estatais e a dignidade da Nação.
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