Sabe qual é a surpresa que nos reserva a defesa de Lula no
caso do sítio de Atibaia, reformado gentilmente para ele pelas construtoras OAS
e Odebrecht, ambas envolvidas na roubalheira da Petrobras?
Fernando Bittar, um dos supostos donos do sítio, dirá que o
sítio de fato lhe pertence, e também ao empresário Jonas Suassuna, sócio em
outro negócio de Fábio Luiz, filho mais velho de Lula.
Surpresa haveria se Fernando dissesse que o sítio é de Lula,
e que ele e Jonas não passam de “laranjas”.
A Lava-Jato e o Ministério Público de São Paulo investigam
se o registro de propriedade do sítio em nome de Fernando e de Jonas foi uma
manobra de Lula para ocultar patrimônio.
É isso o que parece, sugerem a lógica mais elementar e os
indícios reunidos até aqui.
Oficialmente, o sítio foi comprado por Fernando e Jonas dois
meses antes de Lula transferir para Dilma a faixa presidencial. Um dos
advogados de Lula analisou a escritura registrada em cartório.
Parte dos bens acumulados por Lula enquanto governou o país
foi entregue no sítio em no dia oito de janeiro de 2011. Eram cerca de 200
caixas, entre elas 37 com bebidas.
José Carlos Bumlai, amigo de Lula, hoje preso pela
Lava-Jato, cuidou da reforma do sítio. Que começou a ser feita quando o sítio
foi comprado no final de 2010?
Não. Começou muitos meses antes.
Marisa, mulher de Lula, visitou a obra. Reclamou de atrasos.
E foi aí que entraram em cena as construtoras amigas do seu marido. Elas
gastaram um bom dinheiro com a reforma.
Por que gastariam se o sítio fosse apenas de Fernando e
Jonas? Para que Lula, mais tarde, o recomprasse sem que ninguém soubesse que
ele fora reformado de graça por construtoras premiadas com contratos
milionários durante os seus dois governos?
Ou por que a OAS e a Odebrecht, comovidas com a pregação do
Papa Francisco, decidiram, meio que de repente, fazer caridade?
Ao longo dos últimos quatro anos, seguranças de Lula
estiveram no sítio 111 vezes pelo menos. Razoável imaginar que acompanhassem a
família Lula da Silva.
Amigos do clã, assíduos frequentadores do sítio,
surpreenderam-se com a descoberta de que ele está em nomes de terceiros.
Nada de mais que Lula comprasse um sítio ou até mais de um.
Não lhe falta dinheiro.
Presidente da República tem todas as suas despesas pagas
pelo governo. Lula economizou dinheiro capaz de justificar a compra do sítio e
do tríplex no Guarujá, esse também reformado de graça pela OAS. Ninguém teria
nada a ver com isso.
O problema? De volta ao futuro: a gentileza de construtoras
clientes do governo em beneficiar imóveis de um ex-presidente. Cheira mal. Aí
tem...
Como Lula, logo Lula que denunciou a existência de 300
picaretas no Congresso, chamou Sarney e Collor de ladrões, subiu a rampa do
Palácio do Planalto como se fosse o mais imaculado dos políticos, diz-se a alma
mais honesta do país; como ele poderá admitir que pediu ou aceitou favores de
construtoras, e que foi promíscuo, sim,
ao misturar o público com o privado?
Logo ele? Também Lula?
Pois é disso que se trata – por enquanto.
Seus correligionários querem transformá-lo em vítima de um
complô urdido para destruir a maior liderança popular que o país jamais teve.
Ora, faça-me o favor...
Lula é uma vítima dos seus próprios erros, de sua ambição
desmedida, de sua vaidade, e de sua falta de compromisso com princípios e
valores.
A máscara dele caiu.
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