Os defeitos pessoais e as limitações humanas dos homens
públicos, inevitáveis e recorrentes como as chuvas de verão, não matavam a
política. Hoje, no entanto, assistimos ao advento da pornopolítica e ao avanço
de um inclemente deserto de liderança. A vida pública, com raras e contadas
exceções, transformou-se num espaço mafioso, numa avenida transitada por governantes
corruptos, políticos cínicos e gangues especializadas no assalto ao dinheiro
público.
O projeto de poder, estrategicamente implantado por Lula,
rendeu bons resultados aos seus líderes: muito poder e muito dinheiro. Não
contaram, no entanto, com três fatores complicadores: a força inescapável da
realidade econômica, o papel da liberdade de imprensa e a independência das
instituições.
A política econômica populista, que, como hoje se constata,
não tinha possibilidade de se sustentar, provocou a catastrófica crise que
maltrata o Brasil, reduziu a pó o capital político do PT e transformou Lula num
náufrago que se agarra à miragem de sua candidatura em 2018. Não vai funcionar.
Lula é um manipulador, mas tudo tem limites. Esgotou-se sua capacidade enrolar.
A imagem produzida de herói do povo brasileiro desabou pela força dos fatos no
despenhadeiro da decepção.
As recentes notas do Instituto Lula a respeito dos
imbróglios imobiliários do ex-presidente, carregadas de flagrantes
incoerências, só reforçam as suspeitas contra Lula e a sua promiscuidade com
empresários corruptos. A população está revoltada. Sente a mordida da traição
populista: corrupção assombrosa, desemprego, inflação, saúde que definha nos
corredores da morte do SUS. Recente pesquisa do Instituto Ipsos confirma a
percepção.
Na avaliação do presidente do Instituto, Cliff Young, a
pesquisa demonstra que o PT deixou de ser considerado o partido dos pobres para
se transformar na legenda dos corruptos: 71% dos entrevistados consideram o
partido de Lula o mais corrupto entre todos. De tal modo que a preferência
popular pelo PT, que era de 28% em 2002, ano em que Lula foi eleito presidente
pela primeira vez, caiu para 6%, depois de o partido ter permanecido 13 anos no
poder. O mito está derretendo.
A liberdade de imprensa, tão execrada pelos caciques
bolivarianos, está cumprindo sua missão. O jornalismo, sem as mordaças que
alguns defendem e livre de quaisquer tentativas de cooptação, tem um papel
decisivo no processo de recuperação do Brasil. Lula não consegue mais esconder
seus dragões interiores: está
desesperado com o avanço da Lava Jato.
Por Carlos Alberto Di Franco, via Blog do Noblat
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