SÃO PAULO - Atendendo a pedido do Ministério Público, o
Tribunal de Justiça de São Paulo decretou a quebra dos sigilos bancário e
fiscal do presidente da Assembleia Legislativa, Fernando Capez (PSDB), e de
dois integrantes do governo Geraldo Alckmin (PSDB), investigados por supostas
fraudes na merenda escolar.
A decisão é do desembargador Sérgio Rui da Fonseca, que
também autorizou a abertura de uma investigação contra Capez, integrantes do governo
e membros da cooperativa Coaf, que já admitiram ter pagado propina num contrato
de R$ 8,5 milhões para fornecimento de suco de laranja à Secretaria da Educação
do Estado.
Capez afirma que, antes de a Procuradoria-Geral de Justiça
ter pedido a quebra de seu sigilo, ele próprio já havia disponibilizado seus
dados pessoais ao órgão.
Os dois integrantes do governo paulista que tiveram quebra
de sigilo decretada são Luiz Roberto dos Santos, o Moita, ex-chefe de gabinete
da Casa Civil, e Fernando Padula, ex-chefe de gabinete da Secretaria da
Educação.
Moita foi flagrado em um grampo da polícia, durante as
investigações da operação Alba Branca, orientando membros da Coaf sobre como
aumentar seus ganhos em um contrato com o governo. Nesse grampo, ele disse ter
falado sobre o tema com Padula.
Moita era braço direito do secretário-chefe da Casa Civil,
Edson Aparecido, e foi afastado da função um dia antes de a operação Alba
Branca ser deflagrada, em 19 de janeiro. Aparecido disse ter pedido à
Corregedoria do Estado para investigar o ex-chefe de gabinete.
Já Padula, nome forte na pasta da Educação, foi afastado do
cargo neste mês pelo novo secretário, José Renato Nalini. Padula passara por
várias gestões na secretaria e é visto como um homem de confiança do governo.
Também foi decretada a quebra de sigilo de dois
ex-assessores que trabalharam no gabinete de Capez e que, segundo as
investigações, mantiveram contato com um lobista da cooperativa. São eles Jéter
Rodrigues e Merivaldo dos Santos.
Em sua primeira entrevista após ter sido citado nas
investigações, o presidente da Assembleia disse a repórteres que não responde
por seus assessores.
Um terceiro servidor, que ainda trabalha como assessor de
Capez, também é investigado por ter sido mencionado por ex-dirigentes da Coaf:
Luiz Carlos Gutierrez, conhecido como Licá. As quebras de sigilo alcançam ainda
ex-dirigentes e pessoas ligadas à Coaf.
Outro lado Capez
disse que nunca teve relações com a Coaf. "Não interferi em favor da Coaf
na Secretaria da Educação. Não recebi nenhum centavo da Coaf. Não autorizei ninguém
a falar em meu nome com a Coaf. Nenhuma dessas pessoas, pelos próprios
depoimentos, teve contato comigo."
O ex-chefe de
gabinete da Casa Civil, o Moita, e seu advogado não foram localizados. Padula,
ex-chefe de gabinete da Educação, negou anteriormente qualquer envolvimento com
fraudes na merenda. A reportagem não localizou os ex-assessores de Capez.
Da Folhapress
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