sábado, 5 de março de 2016

NUNCA ANTES NESTE PAÍS

Da Época
A 24a fase da Lava Jato foi desencadeada na sexta-feira, dia 4. A Operação Aletheia, como batizaram os policiais federais, tem por objetivo investigar a relação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva com empreiteiras envolvidas no petrolão. A ação da PF foi o momento mais dramático de uma semana tensa. Na véspera, os ministros do Supremo Tribunal Federal haviam aceitado, por unanimidade, a denúncia da Procuradoria-Geral da República contra o presidente da Câmara, Eduardo Cunha. Cunha agora será julgado por corrupção e lavagem de dinheiro. No mesmo dia, foi divulgada uma proposta de delação premiada do senador Delcídio do Amaral. No documento preliminar, ele faz acusações graves à presidente Dilma Rousseff e ao ex-presidente Lula.
A delação de Delcídio atirou a Lava Jato no colo do Planalto, e o julgamento de Eduardo Cunha terá óbvias repercussões sobre a pauta do Congresso, dominada por seu presidente. Nada se comparou, no entanto, à comoção em torno do depoimento de Lula – que, depois de responder à Polícia Federal, fez críticas à investigação. Preferiu desqualificar os procedimentos da Justiça a dar as respostas que o país espera.
Para a democracia, num momento como este, é importante que a busca da verdade – os fatos – prevaleça sobre as paixões partidárias. Vale para Cunha. Vale para Dilma. E vale para Lula. Os pontos levantados pelos procuradores da Lava Jato dariam motivo para investigação em qualquer lugar do planeta. As cinco maiores empreiteiras do petrolão, esquema de corrupção que sangrou a Petrobras, são também as cinco maiores doadoras do Instituto Lula e as cinco maiores clientes das palestras do ex-presidente. Duas delas patrocinaram reformas num sítio frequentado pelo ex-presidente e num apartamento de praia. Os dois imóveis, suspeita a PF, seriam propriedade oculta do ex-presidente. As investigações dirão se Lula é inocente ou, como suspeitam os procuradores, tem relações mais profundas com as raízes do petrolão.
Ainda há muita coisa a ser investigada. Lula é citado, por exemplo, na proposta de delação premiada do ex-deputado Pedro Corrêa, que ÉPOCA revela com exclusividade. As pesquisas mostram apoio majoritário da população à Lava Jato e à busca da verdade. Enquanto isso, a popularidade de Lula cai à medida que se aprofundam as investigações sobre ele. Sinal dos tempos. Há uma década, era impensável que políticos e empreiteiros poderosos pagassem por crimes de corrupção. Isso hoje ocorre – e a maior parte dos brasileiros aprova. Vale, como nunca, o bordão que o PT de Lula, no passado, elegeu como slogan: “Nunca antes neste país”.
Leia a íntegra da reportagem na edição de Época que já está nas bancas.
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