Da Época
A 24a fase da Lava Jato foi desencadeada na sexta-feira, dia
4. A Operação Aletheia, como batizaram os policiais federais, tem por objetivo
investigar a relação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva com
empreiteiras envolvidas no petrolão. A ação da PF foi o momento mais dramático
de uma semana tensa. Na véspera, os ministros do Supremo Tribunal Federal
haviam aceitado, por unanimidade, a denúncia da Procuradoria-Geral da República
contra o presidente da Câmara, Eduardo Cunha. Cunha agora será julgado por
corrupção e lavagem de dinheiro. No mesmo dia, foi divulgada uma proposta de
delação premiada do senador Delcídio do Amaral. No documento preliminar, ele
faz acusações graves à presidente Dilma Rousseff e ao ex-presidente Lula.
A delação de Delcídio atirou a Lava Jato no colo do
Planalto, e o julgamento de Eduardo Cunha terá óbvias repercussões sobre a
pauta do Congresso, dominada por seu presidente. Nada se comparou, no entanto,
à comoção em torno do depoimento de Lula – que, depois de responder à Polícia
Federal, fez críticas à investigação. Preferiu desqualificar os procedimentos
da Justiça a dar as respostas que o país espera.
Para a democracia, num momento como este, é importante que a
busca da verdade – os fatos – prevaleça sobre as paixões partidárias. Vale para
Cunha. Vale para Dilma. E vale para Lula. Os pontos levantados pelos
procuradores da Lava Jato dariam motivo para investigação em qualquer lugar do
planeta. As cinco maiores empreiteiras do petrolão, esquema de corrupção que
sangrou a Petrobras, são também as cinco maiores doadoras do Instituto Lula e
as cinco maiores clientes das palestras do ex-presidente. Duas delas patrocinaram
reformas num sítio frequentado pelo ex-presidente e num apartamento de praia.
Os dois imóveis, suspeita a PF, seriam propriedade oculta do ex-presidente. As
investigações dirão se Lula é inocente ou, como suspeitam os procuradores, tem
relações mais profundas com as raízes do petrolão.
Ainda há muita coisa a ser investigada. Lula é citado, por
exemplo, na proposta de delação premiada do ex-deputado Pedro Corrêa, que ÉPOCA
revela com exclusividade. As pesquisas mostram apoio majoritário da população à
Lava Jato e à busca da verdade. Enquanto isso, a popularidade de Lula cai à
medida que se aprofundam as investigações sobre ele. Sinal dos tempos. Há uma
década, era impensável que políticos e empreiteiros poderosos pagassem por
crimes de corrupção. Isso hoje ocorre – e a maior parte dos brasileiros aprova.
Vale, como nunca, o bordão que o PT de Lula, no passado, elegeu como slogan:
“Nunca antes neste país”.
Leia a íntegra da reportagem na edição de Época que já está
nas bancas.
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