segunda-feira, 23 de maio de 2016

O TIME DA ECONOMIA

Da Época
Há pouco mais de duas semanas, os economistas Mansueto Almeida, Marcos Mendes, Paulo Correa e Sérgio Guimarães Ferreira se encontraram em um bar na Asa Sul, em Brasília. Entre um chope e outro, conversavam sobre como seria o governo de Michel Temer, antes mesmo da votação do processo de impeachment de Dilma Rousseff no Senado. Todos, exceto Ferreira, que assessora o senador tucano Aécio Neves (MG), haviam sido convidados pelo hoje ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, para assumir alguma secretaria da Pasta. Nem todos estavam seguros do que decidiriam.
Mansueto Almeida, um dos maiores conhecedores de contas públicas do país, hesitava em aceitar o cargo mais condizente com seu currículo, o de secretário do Tesouro. Nos dez dias anteriores, havia assistido a três apresentações de técnicos do órgão sobre a situação das contas. Os números pareciam tão tenebrosos que ele decidiu não se associar diretamente a essa empreitada. Mas, diante do convite aberto para se integrar à nova equipe de governo como preferisse, refletiu mais. Na segunda-feira, dia 16, optou afinal pela Secretaria de Acompanhamento Econômico (Seae). O órgão tem uma nova missão: avaliar o custo e o benefício de políticas públicas, a fim de mudar ou encerrar as piores – uma prática tão lógica quanto rara no Brasil, e que certamente provocará gritaria entre os que se sentirem prejudicados. E pensar que Mansueto achou essa a mais palatável.
Correa, um dos parceiros de chope de Mansueto e antigo ocupante da Seae na gestão de Joaquim Levy, optou por negar o convite para permanecer no ministério e retomou seu cargo no Banco Mundial, em Washington. A indecisão de Mansueto acabou sendo o principal motivo do atraso do anúncio da equipe econômica, feito na terça-feira, dia 17.
Meirelles não conseguira ninguém que topasse o desafio de assumir o Tesouro, sintoma da gravidade da situação fiscal do país. Decidiu manter o atual coordenador da área, o economista Otávio Ladeira de Medeiros. Mendes, outro da mesa de chope, ficou com o posto de assessor direto de Meirelles. Carlos Hamilton Araújo assumiu a Secretaria de Política Econômica. E o economista Marcelo Caetano aceitou a recém-criada Secretaria da Previdência.
Se alguém acha que trabalhar para o governo é fácil, melhor pensar de novo. Cada um no time tem à frente uma missão dificílima, expressa em números superlativos e assustadores. O norte do novo ministério será perseguir o equilíbrio fiscal. E o rombo das contas públicas em 2016, estimado há algumas semanas em R$ 120 bilhões, veio subindo dia a dia. Nesta sexta-feira (20), a equipe econômica do governo anunciou uma previsão de deficit de até R$ 170,5 bilhões. Meirelles afirmou que a nova meta foi feita com "parâmetros realistas e próximos aos parâmetros de mercado". Os números serão levados ao Congresso Nacional na semana que vem, e a expectativa é de que o projeto de lei seja votado na terça-feira (24). O deficit da Previdência deve ficar perto de R$ 130 bilhões neste ano e ruma para os R$ 180 bilhões já em 2018.
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