O agente Newton Ishii, conhecido por escoltar investigados
da Operação Lava Jato, foi preso pela Polícia Federal nesta terça-feira (7),
condenado em segunda instância por facilitação de contrabando a quatro anos e
dois meses de prisão em regime semiaberto.
Para ter direito ao regime –que impõe o recolhimento apenas
à noite ou então o uso da tornozeleira eletrônica–, Ishii obrigatoriamente tem
que ser recolhido.
O policial tomou conhecimento da ordem judicial pouco depois
do almoço e se entregou aos colegas da Superintendência da Polícia Federal do
Paraná, onde trabalha desde 2014, quando foi integrado à corporação.
Ele está detido em uma sala da Superintendência da PF do
Paraná, a mesma que abriga presos da Lava Jato, onde é vigiado por um agente
carcerário.
Segundo a Folha apurou, o modo como Ishii cumprirá o
semiaberto não foi determinado até o momento.
A pena dele pode ser reduzida a oito meses, ou seja, a um
sexto do total, já que o agente é réu primário. Desse modo, ele cumpriria oito
meses de prisão. Como Ishii já ficou quatro meses detido anteriormente,
restariam mais quatro meses de detenção.
O mandado de prisão foi expedido pela Vara de Execuções
Penais da Justiça Federal em Foz do Iguaçu, no oeste do Paraná. Em 2003, quando
estava lotado na cidade –e onde teria cometido o crime, ao facilitar a entrada
de mercadoria contrabandeada do Paraguai–, ele já havia sido preso pelo mesmo
caso.
O processo contra Ishii tramitava no STJ (Superior Tribunal
de Justiça) havia pelo menos dois anos. Com a recente decisão do STF (Supremo
Tribunal Federal), porém, que mudou a jurisprudência e determinou a execução da
pena após o julgamento em segunda instância, o STJ remeteu o processo do agente
para Foz, para sua execução provisória.
A decisão do STF, que passou a valer em fevereiro, foi
defendida e celebrada pela força-tarefa da Lava Jato, que entende que ela
combate a impunidade e dá mais efetividade à Justiça.
Além de Ishii, outros dois ex-agentes federais que também
respondiam pelo crime foram presos. A ação em Foz do Iguaçu corre em segredo de
justiça.
O agente é chefe do Núcleo de Operações da Superintendência
da PF do Paraná e responde pela logística e escolta de presos para locais como
IML, penitenciárias e audiências na Justiça. Por aparecer com frequência ao
lado dos presos da Lava Jato, se notabilizou como um dos "símbolos"
da operação.
Com a condenação, porém, ele deve ser afastado da Lava Jato
e pode ser demitido da PF.
FAMA
O agente já foi homenageado com marchinha e máscara de
Carnaval, boneco inflável e até conto erótico.
As aparições também fizeram com que ele fosse afastado das
operações nas ruas desde o início do ano.
Em fevereiro ele fez uma visita ao Congresso Nacional, em
Brasília, e tirou selfies com políticos como Jair Bolsonaro (PSC-RJ).
Na época, o japonês tinha planos de se lançar na política
concorrendo a um cargo de deputado. Com filiação em negociação com alguns
partidos, decidiu voltar atrás por problemas familiares e pressão da própria
corporação, que se queixou que ele estava se expondo demais.
Desde então, adotou uma postura mais discreta, evitando até
mesmo aparições públicas.
Sua prisão gerou piadas na internet, como a montagem abaixo
em que aparece sendo preso por ele mesmo.
Ishii também é investigado por suspeita de vazar informações
sobre operações da PF.
Em novembro, o policial foi apontado como responsável por
vender informações sigilosas à imprensa pelo advogado do ex-diretor da
Petrobras Nestor Cerveró, Edson Ribeiro, em gravação divulgada pelo filho de
Cerveró, Bernado. Posteriormente, Bernando enviou uma carta com um pedido de
desculpas a Ishii.
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