Quem não se recorda das últimas eleições presidenciais no Brasil? Pode ser que haja alguém alheio aos acontecimentos de 2014 no cenário político brasileiro, mas por certo, há figuras importantes desse meio que jamais esquecerão a violência publicitária que permeou o debate acirrado para ocupar o lugar mais alto do executivo nacional.
Nesse período surgiu um termo bastante apropriado para aquele momento, “marketing selvagem”. Quem traz esse termo à baila é exatamente a figura mais ferozmente atacada por seus adversários durante a disputa para a presidência da República, a ex-senadora e ex-ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, que viu sua vida devassada por partidos políticos, pela imprensa e até mesmo por eleitores disseminadores de qualquer material na internet, fosse ele verídico ou não.
Marina, entretanto, não foi a primeira e nem será a última vítima desse marketing que faz o diabo para vencer eleições. O nome do homem forte e cabeça pensante desse tipo de técnica utilizada pelo Partido dos Trabalhadores contra seus desafetos, é João Santana, ele ficou conhecido pelo nível de crueldade nos ataques que idealizou e na ilusão vendida a cada propaganda do PT que ignorava a cruel realidade das contas públicas e do dia a dia do brasileiro. João acumulou milhões de reais, fama e em seu currículo há sete presidentes eleitos dentro e fora do país por meio de seu trabalho considerado por muitos, antiético e nada honroso. Apesar disso, é preciso reconhecer o inegável talento do “gênio do mal” do “lulopetismo”.
É irônico e intrigante observarmos que os mesmos que se utilizaram de estratégias de marketing para desconstruir biografias de figuras importantes, penaram com ataques semelhantes em 1989, realizados pela equipe do então candidato à presidência da República, Fernando Collor de Melo, que chegou ao ponto de levar ao seu programa eleitoral na TV, a ex-mulher de seu adversário a época, o sindicalista Luís Inácio Lula da Silva. Foi um espetáculo de horrores que apesar do conteúdo de gosto duvidoso, teve êxito (assim como o de João Santana em 2014 também foi bem-sucedido) e deu a Collor a possibilidade de ser o primeiro presidente eleito por voto direto após a ditadura militar.
É dito que o que conhecemos hoje como marketing político moderno, teve início em 1952 nos Estados Unidos da América, quando a agência publicitária BBDO foi contratada para a campanha de Dwight Eisenhower para presidente. Eisenhower foi eleito e o foi utilizando o rádio e a TV, ferramentas identificadas pela BBDO como veículos poderosos para a comunicação com o eleitor.
Já no período pós advento da internet, vimos os norte-americanos se utilizando novamente das máquinas e tecnologia no cenário de disputa política. Barack Hussein Obama, o primeiro homem negro a ser presidente da maior potência do mundo, usou e abusou das mídias sociais e digitais somadas a seu carisma e a urgência de se corrigir erros históricos cometidos pelos estadunidenses. Obama e sua equipe disseram através das mídias, “Yes, we can”, slogan que viralizou pela rede e de fato eles puderam, ele e os seus venceram fazendo história.
Mas, voltando ao Brasil, o que identificamos é que assim como nos EUA, o marketing político se utilizou de plataformas que conversam com os eleitores de forma massiva. O rádio, a TV, a internet e até SMS dos aparelhos celulares foram meios eficazes para alcançar o voto e transformar candidatos em aparentes “salvadores da Pátria” e seus adversários em “bichos papão”.
Qual a moral dessa história que parece muitas vezes amoral? Que esse tipo de propaganda pode ser considerada de sucesso e deve tornar-se regra, uma forma a ser copiada? Collor, o presidente eleito a todo custo em 1989, sofreu a posteriori um doloroso impeachment. Lula, eleito depois por duas vezes presidente do Brasil, perdeu muito de sua credibilidade ao se utilizar dessas táticas até mesmo contra seus próprios companheiros e hoje vê grande parte da população repelindo-o. João Santana, o marqueteiro de Lula e do PT, está preso por lavagem de dinheiro, graças a operação Lava Jato, da polícia Federal, investigado exatamente nas campanhas políticas que idealizou.
Não serei eu a responder se vale a pena ou não, mas cada um que faz política, marketing, publicidade e que utiliza e se utiliza das mídias sociais e digitais. Todos somos livres para fazermos o que bem entendermos de nossas carreiras, vida profissional, contudo, há consequências para cada ato realizado.
Assim como a semente plantada na terra dá fruto derivado do que a própria semente é, assim acontece com o que fazemos de nossas vidas, ou seja, quem planta batatas, não colhe morangos..., mas pensando bem, muitas vezes algumas coisas fogem à regra pois ao menos no ditado popular, “quem semeia vento, colhe mesmo é tempestade”.
Eduardo David Ghoulart, estudante de Mídias Sociais Digitais pela Universidade Belas Artes de São Paulo.
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