Nota da Rede Sustentabilidade
O Senado Federal tomou, ontem, uma decisão difícil para
qualquer democracia – a perda de mandato de um governante. Pela segunda vez em
uma geração, a jovem democracia brasileira conduziu um processo traumático e
tenso. Ele deixará marcas que só serão superadas pelo debate democrático, mas
que produziu um resultado parcialmente correto. O Senado Federal decidiu pela
perda de mandato da ex-presidente Dilma. Resultado incontestável tomado por 61
dos 81 senadores. Ao mesmo tempo, o Senado manteve os direitos políticos da
agora ex-presidente, contrariando a Constituição que claramente vincula uma
medida à outra. A Rede Sustentabilidade apoiou a abertura do processo de
impeachment e sua constitucionalidade ao longo do processo. Frente às provas
apresentadas, o partido está convencido de que houve crime de responsabilidade
por parte da ex-presidente.
Em relação à representação contra testemunha e informante de
acusação no Ministério Público e no Conselho Nacional do Ministério Público
apresentada pelo Senador Randolfe Rodrigues (REDE-AP), a REDE esclarece que tal
iniciativa não teve o apoio do partido e foi tomada de forma pessoal e
exclusiva por ele, visto que esse tema não foi discutido em nenhuma instância
partidária.
O partido também não concordou com o “fatiamento” da votação
para assegurar à ex-presidente a possibilidade de ocupar cargos públicos,
criando uma “jurisprudência” de caráter político que poderá beneficiar Eduardo
Cunha, Renan Calheiros e outros implicados, em claro desrespeito ao que
propugna o art. 52, parágrafo único da Constituição: “A condenação (…) à perda
do cargo, com inabilitação, por oito anos, para o exercício de função pública,
sem prejuízo das demais sanções judiciais cabíveis”.
Quanto à votação do Senador Randolfe contra o impedimento da
ex-presidente Dilma, esta foi feita em caráter pessoal, conforme a decisão do
Elo Nacional que, mesmo tendo deliberado por maioria favoravelmente ao
impeachment por prática de crime de responsabilidade, garantiu o direito da
minoria de manifestar seu posicionamento.
Esperamos que o País possa encontrar o caminho do
desenvolvimento sustentável, que não pode ser construído com o sacrifício ainda
maior das parcelas mais vulneráveis da sociedade. Consideramos que o PMDB não
tem condições de liderar essa transição porque tem políticos profundamente
envolvidos nos casos de corrupção que estão sendo investigados pela Lava-Jato
em seus quadros, ocupando os cargos de responsabilidade na estrutura partidária
e nas mais importantes instituições públicas e órgãos da administração. Não
vemos na sua atuação recente nos governos Lula e Dilma nem nesses primeiros
momentos de interinidade o compromisso necessário com a redução das
desigualdades sociais, a melhoriada qualidade de vida das pessoas e,
principalmente, com a defesa do meio ambiente e dos direitos sociais.


Nenhum comentário:
Postar um comentário