Do G1, CE
O Ministério Público do Ceará está investigando denúncias de
demissões em massa em municípios onde o prefeito não foi reeleito. Esse tipo de
retaliação é ilegal. Por lei, é proibido demitir funcionários terceirizados
três meses antes ou três meses depois das eleições. O Tribunal de Contas dos
Municípios do Ceará já recebeu denúncias de desmonte em 15 cidades.
"Infelizmente, o gestor que tem esse tipo de atitude
não tem compromisso com a coletividade e nem com o cargo público que ele
ocupou. Naqueles em que, se constatados os prejuízos, os promotores adotarão as
medidas judiciais para ou punir, ou preservar o patrimônio público”, explicou a
procuradora de Justiça, Vanja Fontenele.
Coreaú
O motorista Raimundo Nonato Albuquerque diz que os ônibus
escolares do município de Coreaú estavam inteiros até duas semanas atrás.
"Depois das eleições carregaram bateria de carro, roda de carro, macaco,
equipamento de oficina", descreveu.
A situação prejudicou quem depende do transporte.
"Durante a noite a gente necessitava de três ônibus e todos iam lotados,
só que agora só tem um ônibus pra deslocar todos esses estudantes",
lamenta o estudante universitário Diego Porto.
A agente de saúde Elba Rodrigues diz que foi demitida junto
com outros cinco agentes de saúde depois das eleições. “Precisam do nosso
serviço e a gente não pode parar”, critica.
O Ministério Público suspeita de retaliação política, já que
a atual prefeita não conseguiu a reeleição. "Qualquer descontinuidade
deveria ser informada independente de qualquer coisa. É uma coisa típica: todo
o mandado, a pessoa que é derrotada na eleição ela tem que fazer, de uma forma,
fazer uma retaliação, e faz infelizmente na população mais pobre”, lamentou a
promotora de Justiça Raquel Baroua.
A prefeita Érika Cristino (PDT) diz que o que está
acontecendo não tem a ver com a derrota nas urnas. A gestora conta que reduziu
a quantidade de ônibus escolares porque a universidade entrou em greve e que
não é responsável pela demissão das agentes de saúde. "Elas são
contratadas por um instituto da saúde, não são concursadas e não têm vínculo
com o município", defende a prefeita.
Itapipoca
Na cidade de Itapipoca, no litoral oeste, foram registradas
341 demissões. "Da UPA, saíram daqui só os que tinham terminado o
contrato", argumentou a supervisora administrativa Silvia Helena Ramos.
Já um porteiro da unidade disse que foi demitido uma semana
após a eleição, mas o contrato seguia até 31 de dezembro deste ano.
Uma mulher, que não quis se identificar, também trabalhava
na UPA. "Na terça-feira, após a eleição, chegou uma relação na UPA das
pessoas que estavam demitidas. Eu acho que é porque elas se manifestaram na
campanha a favor do adversário, né?", estima.
A prefeitura disse que precisou demitir 16% dos servidores
temporários para regularizar as contas do município, mas alega que os serviços
prestados à população continuam a ser prestados regularmente.
A promotoria entrou com a ação na justiça pedindo a
aplicação de multa à prefeitura e a anulação das demissões, já que elas
aconteceram dentro do período eleitoral.
Do G1, CE, com informações do Bom Dia Brasil
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