Da ISTOÉ
Às vésperas de completar 71 anos, amargando o ostracismo e
derrotas políticas humilhantes, o ex-presidente Lula está sufocado por um
infindável número de ações na Justiça, que poderá torná-lo ficha suja até as
eleições de 2018, tirando-o do páreo. Na última semana, foi escrito mais um
capítulo de sua derrocada. Atendendo a uma denúncia do Ministério Público
Federal, desta vez sob acusação de tráfico de influência para liberar recursos
do BNDES a obras da empreiteira Odebrecht em Angola em troca da contratação da
empresa de seu sobrinho Taiguara Rodrigues por R$ 20 milhões, o juiz Vallisney
de Oliveira, da 10ª Vara Federal do DF, transformou Lula em réu pela terceira
vez na quinta-feira 13. “O órgão acusatório reitera que o ex-presidente Luiz
Inácio Lula da Silva teria recebido milhões de reais pagos pela Odebrecht para
realizar viagens e palestras em Cuba, República Dominicana e Angola, o que
seria na verdade pagamento em contrapartida por possível tráfico de influência,
dentro de uma organização criminosa de que faziam parte os réus indicados”.
Com a sentença desfavorável ao petista, a segunda da lavra
do magistrado do DF, mais uma das narrativas do ex-presidente cai por terra.
Lula passou os últimos meses dizendo-se vítima de uma implacável perseguição do
juiz de Curitiba, Sérgio Moro. Como se vê, agora, não é apenas o magistrado
integrante da “República de Curitiba” que vê indícios de ocorrência de práticas
criminosas pelo ex-presidente. O petista é alvo de ações em várias frentes e a
percepção geral é de que as investigações vão ser aceleradas. Na Justiça do DF
e no Supremo Tribunal Federal. Na mais alta corte do País, o relator do
Petrolão, Teori Zavascki, fatiou o inquérito que apura a formação de quadrilha
no Petrolão – chamado pelos investigadores de “quadrilhão”. Com a decisão, Lula
passou a ser alvo da investigação. O juiz do Distrito Federal, Vallisney de
Oliveira, também é responsável pela primeira ação penal contra o petista, que o
acusa de comandar a compra do silêncio do ex-diretor da Petrobras Nestor
Cerveró, obstruindo a Lava Jato. Na semana passada, a audiência do petista foi
marcada para o dia 17 de fevereiro de 2017. Será a primeira vez que Lula se
sentará no banco dos réus.
Defesa perdida
Os procuradores, também do DF, se dedicam a outras
investigações sobre possível tráfico de influência do petista para obras de
empreiteiras em países da América Latina. Entre eles, Equador, Panamá e
Venezuela. A suspeita é que houve pagamento de propina por meio da contratação
de Lula também para palestras. De 2011 a 2014, ele recebeu R$ 30 milhões pelos
supostos serviços. Os procuradores acham que os recebimentos foram para
“dissimular vantagens indevidas”, como no caso de Angola. Mais perdida que cego
em tiroteio, a defesa do petista insiste na tese de que Lula nada tinha a ver
com o BNDES, algo no mínimo risível.
Em Curitiba, Lula já é réu no caso do tríplex do Guarujá e
deve voltar a enfrentar problemas em breve. A força-tarefa da Lava Jato agora
se dedica ao caso do sítio de Atibaia, sob suspeita de que reformas pagas pelas
empreiteiras OAS e Odebrecht foram propinas em troca de benefícios dados pelo
petista enquanto era presidente. É pior do que inferno astral.
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