quinta-feira, 29 de dezembro de 2016

PEDÁGIO PÉ NA AREIA

O beatle Paul McCartney hospedou-se no município de Governador Celso Ramos (a 43 km de Florianópolis) quando passou em turnê por Santa Catarina, em 2012.
A cantora pop Beyoncé também refugiou-se na cidade de 16 mil habitantes ao se apresentar na capital catarinense, em 2010. A top model Gisele Bündchen já passou férias no município de 40 praias, a maioria quase intocada. Frequentada por famosos que procuram sossego e privacidade, Governador Celso Ramos é a mais nova cidade do litoral de Santa Catarina a criar uma TPA (Taxa de Preservação Ambiental).
Há iniciativas do tipo sendo discutidas em outras cidades de praia, como Laguna, no litoral sul, Balneário Camboriú, no litoral norte, e Florianópolis. Em nenhuma delas, porém, há data prevista para o início da cobrança. Outras cidades do país adotaram a medida. A turística Porto Seguro (BA) aprovou no dia 15 de dezembro uma diária de R$ 2 por turista, que será inclusa para quem se hospedar na cidade.
Governador Celso Ramos vai começar a taxar os visitantes na próxima temporada, 2017/2018. O preço será de R$ 5 para moto, R$ 20 para carro e R$ 120 para ônibus. O turista poderá pagar na cidade ou receber boleto em casa, pela placa do veículo.
O prefeito Juliano Duarte Campos (PSD) diz que a taxa ajudará na preservação do ambiente e permitirá à prefeitura não gastar com turismo o que poderia investir em saúde e educação.
A cobrança não é consenso no município. Mas a aceitação é alta entre comerciantes e moradores porque, dada a falta de atrativos turísticos além das praias, a maioria dos visitantes volta para casa no fim do dia. De acordo com a prefeitura, o município chega a receber 100 mil pessoas por dia na alta temporada.
MODELO
As iniciativas e discussões sobre TPA no litoral catarinense se intensificaram a partir de janeiro de 2015, quando Bombinhas, no litoral norte, em uma atitude pioneira no Estado e rara no país, começou a taxar os visitantes.
A prefeita da cidade, Ana Paula da Silva (PDT), diz que a taxa "é um acerto" porque gera receita para reparar danos ambientais provocados pelo turismo. Para ela, se Bombinhas não contasse com a taxa, seus atrativos naturais "entrariam em colapso em poucos anos".
O município de 18.052 habitantes recebe cerca de 800 mil veranistas todos os anos na alta temporada. A taxa é cobrada entre os meses de novembro e abril. Motos pagam R$ 3. Carros, R$ 24. No caso dos ônibus, R$120. Na temporada 2015/2016, essa taxa gerou uma receita de R$ 12,5 milhões à cidade, que vive do setor de turismo e da pesca. Como comparação, o orçamento de Bombinhas de 2016 foi de R$ 93 milhões.
A prefeitura diz que investiu o dinheiro arrecado na limpeza das praias, na instalação de banheiros e lixeiras e na criação de um parque municipal. Vereadores de oposição, no entanto, afirmam que o gasto não é transparente, e neste ano criaram uma CPI para investigar.
O Ministério Público de Santa Catarina tenta impedir a cobrança, alegando que a taxa é "discriminatória" e "impede o livre trânsito". O caso está sendo avaliado no Tribunal de Justiça.
ILHA
Em Florianópolis há dois projetos de taxas ambientais em discussão desde 2015. O principal deles foi proposto pela empresa controlada pela prefeitura responsável pela limpeza pública. Ela prevê taxar o turista só em determinadas praias, com uma única cobrança de R$ 22 por temporada. O boleto seria enviado à casa do motorista.
O outro projeto prevê cobranças a partir de R$ 10 em uma área maior da cidade. As duas propostas têm recebido críticas, principalmente de entidades ligadas ao comércio. Taxas de proteção ambiental são raras no país. Há modelos em Fernando de Noronha (PE), Ilhabela (SP) e Morro de São Paulo (BA).
No entanto, outros destinos de praia do país, como Búzios e Angra dos Reis (RJ), estudam este tipo de cobrança. O Ministério do Turismo diz não ter um levantamento de quantas cidades de praia cobram pedágio ambiental.
Bookmark and Share

Nenhum comentário:

Postar um comentário