Nelson Motta, O Globo
Os índios antropófagos, nossos ancestrais, mantinham a
tradição de comer os inimigos aprisionados nas batalhas para absorverem e
incorporarem as suas qualidades de guerreiros valentes e corajosos. Os covardes
e desprezíveis eram abatidos na hora e dados aos cães. Os bravos e valorosos
eram tratados com respeito e carinho e viviam semanas de conforto e prazeres
antes do grande banquete em que suas qualidades seriam comidas festivamente por
toda a tribo.
O que nunca se fala é do outro motivo da antropofagia: era a
melhor carne da selva. Capivaras, veados, antas, macacos, javalis, peixes,
aves, nenhum animal tinha carne mais macia e saborosa do que a humana.
Alimentados por frutas, raízes, legumes, proteínas de peixes, aves e caças,
criados em ambientes saudáveis e águas limpas, entre atividades físicas
moderadas e longos repousos, os humanos eram os mais gostosos da floresta,
gastronomicamente falando.
No sensacional romance “Jantar secreto”, de Raphael Montes,
a carne humana é o prato principal. Como diz o cínico ex-milionário Umberto,
mentor de jantares secretos de carne humana em Copacabana, todo mundo se
comove, chora, nem aguenta ouvir falar sobre torturas e sofrimentos de animais,
mas depois os comem prazerosamente sem qualquer culpa ou arrependimento: “O
paladar não tem ética”.
Uma história eletrizante e assustadora de quatro rapazes do
interior do Paraná que vêm estudar no Rio de Janeiro e protagonizam os mais
insólitos, surpreendentes e abjetos comportamentos humanos para saldar uma
dívida do grupo, sob a orientação de um velho ex-milionário já versado em
gastronomia antropofágica.
Sob o codinome de “carne de gaivota”, promovem, a R$ 3 mil
por cabeça, um jantar secreto para dez pessoas refinadamente preparado por um
dos rapazes, chef de talento recém-formado em Gastronomia. E desencadeiam um
turbilhão de mortes e gargalhadas até um fim trágico e surpreendente. Há um bom
tempo um livro não me horrorizava — e divertia — tanto.
Um encontro de Stephen King com Rubem Fonseca, temperado com
um fino humor gourmet. O mais impressionante é que o autor tem só 26 anos.
Nelson Motta, O Globo
Os índios antropófagos, nossos ancestrais, mantinham a
tradição de comer os inimigos aprisionados nas batalhas para absorverem e
incorporarem as suas qualidades de guerreiros valentes e corajosos. Os covardes
e desprezíveis eram abatidos na hora e dados aos cães. Os bravos e valorosos
eram tratados com respeito e carinho e viviam semanas de conforto e prazeres
antes do grande banquete em que suas qualidades seriam comidas festivamente por
toda a tribo.
O que nunca se fala é do outro motivo da antropofagia: era a
melhor carne da selva. Capivaras, veados, antas, macacos, javalis, peixes,
aves, nenhum animal tinha carne mais macia e saborosa do que a humana.
Alimentados por frutas, raízes, legumes, proteínas de peixes, aves e caças,
criados em ambientes saudáveis e águas limpas, entre atividades físicas
moderadas e longos repousos, os humanos eram os mais gostosos da floresta,
gastronomicamente falando.
No sensacional romance “Jantar secreto”, de Raphael Montes,
a carne humana é o prato principal. Como diz o cínico ex-milionário Umberto,
mentor de jantares secretos de carne humana em Copacabana, todo mundo se
comove, chora, nem aguenta ouvir falar sobre torturas e sofrimentos de animais,
mas depois os comem prazerosamente sem qualquer culpa ou arrependimento: “O
paladar não tem ética”.
Uma história eletrizante e assustadora de quatro rapazes do
interior do Paraná que vêm estudar no Rio de Janeiro e protagonizam os mais
insólitos, surpreendentes e abjetos comportamentos humanos para saldar uma
dívida do grupo, sob a orientação de um velho ex-milionário já versado em
gastronomia antropofágica.
Sob o codinome de “carne de gaivota”, promovem, a R$ 3 mil
por cabeça, um jantar secreto para dez pessoas refinadamente preparado por um
dos rapazes, chef de talento recém-formado em Gastronomia. E desencadeiam um
turbilhão de mortes e gargalhadas até um fim trágico e surpreendente. Há um bom
tempo um livro não me horrorizava — e divertia — tanto.
Um encontro de Stephen King com Rubem Fonseca, temperado com
um fino humor gourmet. O mais impressionante é que o autor tem só 26 anos.
Canibalismo tupinambá em gravura de 1592. Há registros dessa
prática na Amazônia até a década de 1960 (Foto: historiadigital.org).
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