Do UOL
Vestido de gari, João Doria (PSDB) começou o seu primeiro
dia útil como prefeito da maior capital do país fora dos muros da prefeitura.
Por volta das 5h50, ele já estava nas proximidades da praça 14 Bis, no centro
de São Paulo, para participar das ações de seu programa de zeladoria urbana.
O prefeito eleito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella (PRB),
também começou o dia fora do gabinete. Ele foi ao Hemorio, no centro da capital
fluminense, para doar sangue, acompanhado da família, de secretários e de
assessores.
A primeira ação do novo mandato costuma ser marcante,
carregada de simbolismo, não apenas nas grandes capitais.
Em Três Lagoas (MS), por exemplo, a primeira ação do
prefeito, Ângelo Guerreiro (PSDB), logo às 6h30, foi plantar um jatobá no local
em que uma árvore centenária da mesma espécie precisou ser cortada. A ação
pretendia simbolizar "o nascimento" da nova gestão no município de
115 mil habitantes, segundo a assessoria de imprensa da prefeitura.
O que eles querem?
Eles pretendem causar uma boa impressão, como um novo
namorado que está sendo apresentado aos sogros
Luiz Radfahrer, da ECA-USP.
"Apresentam uma versão melhorada de si mesmos, promovem
ações que são bastante compartilháveis nas redes sociais, para que quem está
fora da cidade, na praia, também fique sabendo o novo governo está
fazendo", afirma o professor Luiz Radfahrer, da ECA-USP (Escola de
Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo).
No Sul, o prefeito eleito de Florianópolis, Gean Loureiro
(PMDB), preferiu fazer jus ao ditado "Deus ajuda quem cedo madruga" e
marcou reunião com os secretários para as 6h da manhã. Os prefeitos de Porto
Alegre, Nelson Marchezan Júnior (PSDB), e de Curitiba, Rafael Greca (PMN),
também madrugaram. Ambos chegaram antes das 8h nos seus respectivos gabinetes
para reunião com seus secretários.
Já os servidores públicos de Belo Horizonte acordaram com a
notícia de que a primeira ação da gestão de Alexandre Kalil (PHS) foi fechar
mais de 2.800 cargos comissionados. A iniciativa foi publicada na primeira
edição de 2017 do Diário Oficial.
O professor de marketing político da ESPM, Emmanuel Publio
Dias, afirma que esses atos são exemplos típicos do que gera notícia na mídia.
"Mas essas ações tendem a repercutir em no máximo até 30 dias. Na primeira
chuva forte que a cidade tiver, o prefeito será cobrado por ações práticas e
resultados. Ninguém vai lembrar se ele foi de ônibus para a posse ou se ele se
vestiu de gari no primeiro dia", afirma.
Para Radfahrer, esse tipo de atitude é "perigosa porque
é populista": "Cria a expectativa e causa desconfiança no eleitor. Se
o namorado é perfeito demais no primeiro encontro, o pai tende a ficar mais
desconfiado do que encantado", diz.
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