Após o ex-ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Carlos
Velloso recusar o convite para assumir o Ministério da Justiça, o presidente
Michel Temer decidiu que só vai escolher o substituto de Alexandre de Moraes na
pasta depois de sua sabatina no Senado, na terça (21).
À Folha Carlos Velloso afirmou nesta sexta-feira (17) que
não aceitou o cargo por uma questão ética. "Tenho compromissos a honrar e
consultei a todos, mas não pude deixá-los", disse.
Os compromissos a que o ex-ministro do Supremo se refere são
contratos com cláusulas de exclusividade de seu escritório de advocacia, que
atua em mais de 50 ações em tribunais pelo país.
"São contratos que tenho que manter. A menos que o
contratante estivesse disposto a aceitar a minha saída. Não foi o caso",
completou.
Auxiliares que estiveram com Temer em São Paulo nesta sexta
afirmam que o presidente já estava preparado para a escolha de outro nome para
a Justiça desde a noite de quinta (16), quando conversou com Velloso por
telefone sobre os empecilhos para que ele assumisse o cargo.
No entanto, Temer avaliou que seria "deselegante"
sondar ou convidar outra pessoa enquanto Velloso não se posicionasse
oficialmente e deu ao ex-ministro até o fim da tarde desta sexta para que ele
respondesse. Os dois se falaram por telefone, e o advogado deu então sua
negativa definitiva ao presidente.
Temer viajou a São Paulo na noite de quinta para se reunir
com aliados e conselheiros e retornará a Brasília no fim de semana para retomar
as conversas sobre o novo titular do Ministério da Justiça.
Segundo auxiliares, a recusa de Velloso obrigou o presidente
a voltar sua escolha novamente às sugestões de parlamentares, na tentativa de
prestigiar a base do governo no Congresso.
NOMES
O deputado Rodrigo Pacheco (PMDB-MG), por exemplo, que já
fez críticas à atuação do Ministério Público, voltou a ser lembrado pela
bancada do PMDB mineiro.
O argumento é que ele preenche requisitos técnicos para o
cargo e que as críticas ao MP foram proferidas na sua condição de advogado,
dentro de um contexto.
Outros parlamentares, por sua vez, afirmam que o nome do
vice-procurador-geral da República, José Bonifácio de Andrada, seria a melhor
escolha neste momento.
Um terceiro grupo passou a ventilar o nome de Cesar Asfor
Rocha, ex-ministro do STJ (Superior Tribunal de Justiça). Aliados de Temer
garantem que o presidente vai manter a "competência técnica e
jurídica" ao escolher o novo ministro e, caso ele seja um parlamentar, não
entrará no critério de cota para partidos.
OFICIAL
Em nota divulgada nesta sexta, Velloso disse que não poderia
"contribuir com o país neste momento tão delicado" por
"compromissos de natureza profissional e, sobretudo, éticos".
Além disso, os filhos de Velloso, dois deles advogados, não
o queriam no comando da Justiça.
"Continuarei à disposição do presidente Temer, amigo de
cerca de 40 anos, para auxiliá-lo de outra forma."
Segundo a Folha apurou, após a recusa de Velloso, o presidente
descartou o nome do ex-secretário de Segurança Pública do Rio José Beltrame
para comandar a Secretaria Nacional de Segurança.
Temer sondou o advogado Antonio Mariz para o cargo. Nesse
cenário, o presidente optaria por dividir o Ministério da Justiça e Segurança
Pública e, assim, contemplar dois perfis diferentes.
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