Um grupo ligado ao deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ),
pré-candidato ao Planalto, esteve na linha de frente da comunicação e da
logística do motim que parou a Polícia Militar do Espírito Santo, segundo o
jornal O Estado de S. Paulo. Levantamento feito pelo Estadão em parceria com
equipe de especialistas em redes sociais indica que a rede era integrada pelo
ex-deputado federal Capitão Assumção (SD-ES) e pelo deputado Carlos Manato
(SD-ES), aliados de Bolsonaro no estado. A mobilização das mulheres que
bloquearam a saída de policiais militares dos batalhões foi encerrada
oficialmente neste sábado (25). No auge do movimento, entre 4 e 14 de
fevereiro, foram registrados 181 homicídios em todo o Espírito Santo.
Relatório parcial da PF, de 17 de fevereiro, ao qual o
jornal teve acesso, cita os nomes de Assumção, de Manato e de assessores e
alerta para a possibilidade de falta de policiais nas ruas de Vitória durante o
carnaval. O Estadão afirma que identificou intensa troca de mensagens entre
pessoas ligadas ao grupo. Foram rastreadas informações produzidas por internautas
e interações entre pessoas e entidades. Uma equipe de mestres e doutores das
áreas de Sociologia e Comunicação Digital participou do estudo.
De acordo com o jornal, publicações do próprio Bolsonaro
atingiram recordes de visualizações nos dez dias de paralisação. Um vídeo em
que o deputado critica o governo do Espírito Santo, divulgado no dia 6 de
fevereiro, terceiro dia do motim, foi visualizado por 2 milhões de pessoas. Na
gravação, Bolsonaro ainda alerta para a possibilidade de o movimento se alastrar
para outros estados e faz propaganda do Capitão Assumção.
Na véspera do início das ocupações, o ex-deputado divulgou
no Facebook uma lista de reivindicações da categoria e as primeiras imagens de
mulheres que faziam protesto na frente de um batalhão no município da Serra.
“Já que os militares não podem se manifestar, os familiares estão fazendo por
eles”, escreveu, em post que teve quase 300 mil compartilhamentos. O
parlamentar usa foto de Bolsonaro na capa de sua conta na rede social.
Segundo o Estadão, um dia antes do início do motim, o
empresário Walter Matias Lopes, militar desligado da polícia, alertou seus
seguidores: “Amanhã a Polícia Militar vai parar. Pior Salário do Brasil”.
“Você, admirador da Polícia Militar, está convidado para participar do
movimento amanhã”, emendou. Ele é companheiro de Izabella Renata Andrade Costa,
funcionária comissionada do gabinete de Carlos Manato, pré-candidato ao governo
do Espírito Santo. Conforme a reportagem, Izabella engrossou as fileiras em
frente aos quartéis e ajudou a distribuir alimentos às mulheres, segundo
publicou em sua conta no Facebook. De acordo com o jornal, Matias é
pré-candidato a deputado estadual.
“Não sou líder nem cabeça de movimento. Nem eu nem a
Izabella”, respondeu à reportagem. Bolsonaro e Assumpção não se manifestaram
sobre o assunto. Manato negou ter incentivo a mobilização. “Ganhei ou perdi?
Acho que fiquei neutro. Votos não vão cair em mim”, disse o deputado ao
Estadão. O texto é assinado pelos repórteres Adriana Fernandes, André Borges e
Leonêncio Nossa.
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