Ricardo Amorim, ISTOÉ
Até mesmo os mais esclarecidos não resistem à promessa de
uma vida melhor sem sacrifícios. Populistas prosperam explorando muito bem
nossas raivas, medos e frustrações. Carismáticos, eles estimulam o culto às
suas figuras de salvadores da pátria. Para reconhecê-los é só verificar se
surgiu algum movimento batizado em sua homenagem – como Getulismo, Peronismo,
Macartismo, Kirchnerismo, Chavismo, Malufismo, Lulismo ou, mais recentemente,
Trumpismo. Populistas não têm ideologias. Eles as manipulam em benefício
próprio. O que os distingue de outros políticos são a capacidade de
diagnosticar a dor de muitos e de prescrever tratamentos indolores, porém tão
eficazes quanto um tiro na testa.
A receita para salvar a nação e sua população é sempre
parecida. Começam taxando produtos estrangeiros e impedem a entrada de
imigrantes para “proteger empregos e segurança de seus cidadãos”. Em seguida,
aumentam gastos do governo com políticas sociais, funcionalismo e/ou
infraestrutura. A população sentirá inicialmente que sua vida melhorou. Para
garantir ainda mais crescimento econômico e apoio político, distribuem isenções
fiscais.
Para terminar, demonizam as minorias. São os famosos
culpados de sempre . Gente que quer impedir o “progresso” que o iluminado vai
trazer. Seus demônios favoritos são “as elites”, os chineses, mexicanos,
muçulmanos, judeus, homossexuais, negros, asiáticos, latinos….
Pronto. O Populista vai curtir alguns anos de euforia com
sua poção mágica. Os estímulos aceleram o crescimento e aumentam o bem estar,
gerando confiança, o que impulsiona ainda mais a economia.
Alguns anos depois – ou diversos se as condições externas o
ajudarem – a conta chega. Preços dos produtos e custos de produção aumentam com
sobretaxa a produtos importados e salários mais altos, alimentando a inflação. Isso
causa alta dos juros e redução do crédito, limitando consumo e investimentos e
piorando os resultados das empresas, o que as leva a demitir funcionários. Mais
desemprego e menos consumo causam mais desemprego, em um círculo vicioso.
Gastos públicos e menos arrecadação de impostos provocam um déficit fiscal
descontrolado, minando a confiança no governo em honrar seus compromissos,
causando fuga de capitais e uma crise financeira, aprofundando a recessão. Para
completar, pipocam os escândalos de corrupção, frutos da relação distorcida
entre governo e setor privado.
Qualquer semelhança com o legado da “Nova Matriz Econômica”
Dilmista não é mera coincidência… nem c00om o que está sendo construído pelo
“Make America Great Again” de Donald Trump.
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