Da VEJA
O ministro Luiz Edson Fachin foi definido nesta
quinta-feira, em sorteio, como novo relator da Operação Lava Jato no Supremo
Tribunal Federal (STF). Ele substituirá na função o ministro Teori Zavascki,
morto em um acidente aéreo em Paraty (RJ) há duas semanas.
O sorteio foi feito entre os cinco integrantes da Segunda
Turma, a mesma a que pertencia Teori: Gilmar Mendes, Ricardo Lewandowski, Dias
Toffoli, Celso de Mello e Fachin. Antes de assumir a relatoria dos processos da
operação que descortinou o maior caso de corrupção da história do Brasil, o
ministro foi transferido da Primeira para a Segunda Turma do STF, que é
responsável pelas decisões colegiadas sobre a operação.
Entre as atribuições que caberão a Fachin à frente da Lava
Jato está a de decidir a respeito do sigilo dos depoimentos colhidos nas
delações das empreiteiras, caso dos 77 executivos e ex-executivos da Odebrecht,
cujos acordos foram homologados pela presidente do STF, Cármen Lúcia, na última
segunda-feira.
A possível retirada do sigilo da “delação do fim do mundo”,
com cerca de 300 anexos, é motivo de apreensão no Palácio do Planalto e no
Congresso, pois muitos políticos, incluindo o presidente Michel Temer e os
presidentes da Câmara e do Senado, Rodrigo Maia (DEM-RJ) e Eunício Oliveira (PMDB-CE),
foram citados nos depoimentos.
A última indicação de Dilma
Última das cinco indicações da ex-presidente Dilma Rousseff
ao STF, em abril de 2015, o gaúcho Luiz Edson Fachin, de 58 anos, teve a
nomeação confirmada por 52 votos a 27 no plenário do Senado em maio daquele
ano. Antes de ser escolhido para ocupar a vaga deixada pelo ex-ministro Joaquim
Barbosa, Fachin foi procurador do Estado do Paraná, advogado e professor de
Direito Civil na Universidade Federal do Paraná (UFPR).
A indicação de Edson Fachin ao Supremo foi acompanhada por
uma série de polêmicas que envolveram a trajetória do magistrado, lembradas por
parlamentares de oposição ao governo petista.
A maior controvérsia girou em torno do vídeo que mostra
Fachin pedindo votos a Dilma durante o segundo turno da campanha presidencial
de 2010. À época, o ministro leu um manifesto de juristas a favor da petista
que pregava a “união de forças” e exaltava a administração do então presidente
Lula como “governo que preservou as instituições democráticas e jamais
transigiu com autoritarismo, um governo que não tentou alterar casuisticamente
a Constituição para buscar um novo mandato”.
“Apoiamos Dilma para prosseguirmos juntos na construção de
um país capaz de um crescimento econômico que signifique desenvolvimento para
todos”, disse Edson Fachin.
No Senado, o tucano Ricardo Ferraço (ES) reconheceu o
indicado por Dilma como “fábrica do saber”, mas apontou suposta infração de
Fachin por ter trabalhado simultaneamente como advogado e procurador do estado.
Baseado na Constituição paranaense, que prevê que “é vedado aos procuradores do
estado exercer advocacia fora das funções institucionais”, Ferraço chegou a
pedir a suspensão da indicação do ministro. Edson Fachin argumentou que, quando
prestou concurso, a atual regra não existia.
Também foi questionado durante o trâmite da nomeação
definitiva de Fachin ao Supremo o trabalho dele em uma causa envolvendo a
Itaipu Binacional. O artigo 117 da Lei nº 8112/1990 proíbe servidor federal,
como era o caso do então professor da UFPR, de “aceitar comissão, emprego ou
pensão de Estado estrangeiro”.
À época, o ministro alegou que fora contratado não pelo
governo paraguaio, mas pela empresa que gerencia a usina, cujo objetivo era ter
uma briga judicial julgada no STF, e não na Justiça Federal de Foz do Iguaçu.
Outro motivo de acusações contra o magistrado, sobretudo de
senadores da bancada ruralista, a exemplo de Ronaldo Caiado (DEM-GO), foi um
manifesto subscrito por Fachin em 2008 contra a criminalização do Movimento dos
Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).
Relator do rito do processo de impeachment no Supremo, Luiz
Edson Fachin foi voto vencido nas principais controvérsias sobre o tema. Ele
entendeu que, uma vez aberto pela Câmara, o processo de afastamento de Dilma
não poderia ser recusado pelo Senado (vencido por 8 a 3); que a comissão
processante do impeachment na Câmara poderia ser formada em votação secreta
(vencido por 6 a 5); e que poderiam ser inscritas chapas avulsas à comissão
(vencido por 7 a 4).
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semana de VEJA que já está nas bancas.
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