Em um dia de atividade parlamentar intensa na Câmara dos
Deputados, os números de celular de pelo menos dois deputados governistas foram
clonados por pessoas que enviaram mensagens a outros políticos para pedir
dinheiro.
A mensagem causou confusão no grupo de WhatsApp da bancada
do PSDB na Câmara, e um parlamentar chegou a fazer uma transferência no valor
de R$ 5 mil, segundo políticos ouvidos pela Folha.
O relator da reforma da Previdência, deputado Arthur
Oliveira Maia (PPS-BA), teve que deixar o prédio do Congresso Nacional, entre
várias reuniões, para ir até uma operadora de telefonia na noite desta
quarta-feira (26). Por volta das 19h, quando as atenções estavam voltadas para
a votação da reforma trabalhista do presidente Michel Temer, o celular dele
disparou a seguinte mensagem aos contatos do WhatsApp: "Alguém usa Banco
do Brasil, pelo aplicativo do celular ou pelo computador?".
Pelo número do celular do deputado tucano Marcus Pestana
(MG), foi enviada uma mensagem com o mesmo conteúdo. Em seguida, o responsável
pela clonagem dizia aos contatos que havia excedido o limite diário de
transferência e precisava do apoio dos colegas.
"Meu limite diário [é] de 10.000,00, como fiz transferência
pela manhã nesse valor, tá excedido, só consigo agora depois de meia
noite", escreveu. "Preciso transferir 5.000 agora, consegue fazer pra
mim, mais tarde assim que o limite retornar te transfiro de volta."
Parlamentares relataram que o deputado Luiz Carlos Hauly
(PSDB-PR) enviou aos colegas, pelo aplicativo, o comprovante da transferência,
no valor de R$ 5 mil, para uma conta com o nome de Évelyn Santos. A imagem foi
mostrada à reportagem, sob a condição de que não fosse reproduzida.
Nesta quinta-feira (27), Hauly disse que foi
"avisado" e conseguiu "se safar" a tempo do golpe, sem
detalhar como teria conseguido reverter a situação. Ao ser questionado, por
telefone, sobre o que ocorreu, o deputado informou que não gostaria de comentar
o assunto.
A assessoria de imprensa de Arthur Maia informou que, no
caso dele, não houve tempo de os bandidos enviarem mensagens com o pedido de
empréstimo. Ele bloqueou o telefone e conseguiu, em cerca de 30 minutos, enviar
um esclarecimento aos contatos do WhatsApp para alertar que tinha sido vítima
de um golpe.
Depois do ocorrido, os dois parlamentares acionaram a
Polícia Federal, que foi até a Câmara e informou que irá investigar o caso.
"Apresentei uma notícia-crime e a Polícia Federal vai
investigar o caso", disse Marcus Pestana. "Situações como essa
mostram a fragilidade e a exposição involuntária a que todos nós ficamos
submetidos nesse mundo digital."
A Folha entrou em contato com a assessoria de imprensa da
Polícia Federal e aguardava uma resposta até a última atualização desta
reportagem.
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