quinta-feira, 27 de abril de 2017

PELOS ARES

"Quem não é visto não é lembrado." Assim o governador goiano Marconi Perillo (PSDB) respondeu, em redes sociais, a críticas a uma de suas viagens ao exterior.
Perillo, que está no quarto mandato à frente do Estado e tenta se viabilizar como candidato a vice-presidente numa chapa com Geraldo Alckmin (PSDB-SP) ou João Doria, é o governador que mais viajou para fora do Brasil desde janeiro de 2015, aponta levantamento da Folha.
Ao todo, foram nove missões oficiais para quatro continentes, que consumiram 61 dias, ou 7% do período desde a última recondução.
"Quem chega primeiro bebe a água mais limpa. Por isso sou o primeiro a vir aqui", disse, ao falar de sua ida neste ano na Arábia Saudita. Ele disse ter procurado investidores para uma linha de trem de passageiros de alta velocidade ligando Goiânia a Brasília. Afirma já contar com o apoio federal ao projeto, de custo estimado em R$ 9 bilhões.
Em fevereiro de 2016, foi a um continente não visitado por nenhum outro governador do país eleito em 2014: passou quatro dias na Austrália e outros cinco na Nova Zelândia. Em Sydney, dedicou uma manhã a conhecer o sistema de transporte público local.
"Pouca gente no mundo sabe onde fica Goiás. As pessoas conhecem quando muito Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília. É preciso que estas missões continuem para apresentar nosso Estado e nossas potencialidades. O resultado é excepcional. Todos esses países colocaram o Estado de Goiás em seu radar", disse ele, em Auckland.
Na primeira viagem internacional do mandato, o tucano foi a Roma e viu o papa. Participou de uma audiência coletiva com Francisco, a convite da Embaixada do Brasil no Vaticano, e se encontrou brevemente com o pontífice.
Na Espanha e na Bélgica, em 2015, ele promoveu reuniões de um projeto chamado "Andorinhas", que "orienta o trabalhador goiano residente no exterior a planejar a vida financeira", com cursos e assessoria para obtenção de crédito.
O tucano chegou a ir duas vezes aos Estados Unidos em menos de um mês, em 2016. Em duas ocasiões, anunciou que eram para eventos ligados à Universidade Harvard.
Antes, em uma ida a Nova York, também participou de evento organizado por João Doria (PSDB), atual prefeito de São Paulo, ao lado de Alckmin e Pedro Taques (MT).
Em uma das viagens à América do Norte, teve que voltar às pressas para o Brasil, depois que seu vice, José Eliton (PSDB) foi baleado em um ato de campanha no interior do Estado. Na ocasião, um candidato a prefeito foi morto a tiros.
A oposição critica. "Ele terceirizou o governo ao vice. Ano passado, pediu autorização de viagem à Assembleia sem dizer para onde e como ia. Até agora não sabemos se viajou de bicicleta, barco ou avião", diz o líder oposicionista na Assembleia de Goiás, José Nelto (PMDB).
Questionado, o governo goiano informou gastos de R$ 681 mil com oito das viagens. A ajuda de custo para o governador, vice, secretários estaduais no Estado é de € 600 ou US$ 600 por dia. Eles podem viajar, segundo o governo do Estado, "no máximo em classe executiva".
O governo disse que empresários que participam das viagens custeiam suas despesas, e parentes têm seus gastos pagos pelo governador.
Na última semana, Perillo foi alvo de um revés na sua articulação para ser candidato a vice-presidente: delatores da Odebrecht disseram que ele recebeu R$ 8 milhões de caixa dois nas campanhas de 2010 e 2014.
Em resposta, disse que "nunca pediu ou autorizou que solicitassem em seu nome qualquer contribuição de campanha que não fosse oficial e rigorosamente de acordo com a legislação eleitoral". (FELIPE BÄCHTOLD, JOSÉ MARQUES)
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