Memória – Há 10 anos morria o deputado federal, Enéas
Carneiro. Morreu por volta das 16h deste domingo o deputado federal Enéas
Carneiro (PR, ex-Prona), 68, no Rio de Janeiro.
O deputado sofria de leucemia -- tipo de câncer que atinge o
sangue e caracteriza-se pela proliferação descontrolada dos glóbulos brancos--
e há uma semana estava em casa por recomendações médicas, de acordo com
deputado Luciano Castro (PR-RR), líder do partido na Câmara.
Segundo Castro, Enéas estava na casa de uma filha no Rio de
Janeiro. Ele se elegeu deputado pelo Estado de São Paulo.
"A luta contra a leucemia era muito grande, mas a
quimioterapia o deixava muito debilitado. Até ontem [sábado], ele estava lúcido,
conversando. A perda é muito grande", afirmou Castro.
O corpo do deputado deve ser cremado na segunda-feira (7) no
Rio, de acordo com o líder do PR.
Biografia
Deputado pelo PR, Enéas Ferreira Carneiro nasceu em novembro
de 1938, em Rio Branco (AC). Fundador do extinto Partido de Reedificação da
Ordem Nacional (Prona), em 2002 foi eleito Deputado Federal com o maior número
de votos na história do país (1,74 milhão de votos). Em 2006, Enéas foi
reeleito (desta vez com 387 mil votos) para o cargo em que permaneceria até
2010.
Formado em medicina em 1965 pela Escola de Medicina e
Cirurgia do Rio de Janeiro, Enéas gostava de repetir que foi o melhor aluno em
todas as séries do primário ao ginásio ou que passou em primeiro na faculdade.
Enéas seguiu seus estudos e fez mestrado em cardiologia na Universidade Federal
do Rio de Janeiro (UFRJ).
Em sua primeira tentativa de chegar à presidência (em 1989),
ainda desconhecido, com 360.578 votos (0,5% dos votos válidos), tornou famoso o
bordão "Meu nome é Enéas", que encerrava seus 15 segundos no programa
eleitoral. Naquela eleição, vencida por Fernando Collor, ele ficou em 12º
lugar.
Na segunda (1994), deixou para trás pesos-pesados da
política, como Leonel Brizola (PDT) e Orestes Quércia (PMDB), chegando em
terceiro lugar. Em 2000, Enéas concorreu à Prefeitura de São Paulo, obtendo
apenas 3% dos votos válidos.
Um levantamento do Datafolha de 1998 revelou que Enéas era
visto como alguém "inteligente e brilhante". "Não é um atributo
pelo qual eu tenha mérito nenhum. Foi Deus quem me deu. É como beleza física.
Ninguém tem mérito por ser bonito", afirmou ele, que tinha na leitura seu
maior prazer.
Enéas contabilizava "milhares" de livros lidos e
"dezenas de milhares" de trabalhos científicos publicados em áreas
que vão de estruturalismo, geopolítica e macroeconomia à lógica, epistemologia
e cibernética, passando por filosofia, paleantropologia e astrofísica --e
medicina, claro.
Os eleitores o classificavam como um político folclórico e
cômico. "Acho perfeitamente normal e compreensível", disse, afirmando
que isso acontece toda vez que surge alguém contrário a um sistema
estabelecido.
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