Sorrindo, e com cara de deboche, o bilionário Joesley
Batista revelou em sua delação premiada como comprou deputados por 5 milhões de
reais para que votassem contra o impeachment de Dilma Rousseff.
A ofensiva do dono da JBS no mercado político se deu no
sábado que antecedeu a votação no plenário da Câmara, em março do ano passado.
A ideia era clara: reverter, à custa de dinheiro, os votos dos parlamentares
que estavam dispostos a tirar Dilma do Planalto. Um esforço emergencial para
tentar salvar a pele da petista.
Quem levou a proposta para comprar políticos a Joesley foi o
deputado baiano João Carlos Bacelar, do PR baiano e então aliado de Dilma. Ele
bateu à porta da casa do empresário, em noite alta, no fim de semana que
antecedeu a votação. Propôs a operação de última hora, que foi prontamente
aceita.
Joesley conta que
Bacelar chegou com os nomes escritos em um papel: “Tem aqui uma lista de 30
deputados, 5 milhões cada um, 30 deputados e nós ganhamos o impeachment”, disse
Bacelar, segundo o relato do dono da JBS aos procuradores da Lava-Jato. O dono
da JBS foi curto e grosso na resposta:
“João, faz o seguinte: 5 deputados por 3 milhões você pode comprar, por
minha conta. (…) Três milhões cada”. Joesley não relaciona os deputados que
receberam dinheiro em troca do apoio a Dilma.
Por precaução, Joesley disse que, após dar a autorização
para a “compra” dos votos, ficou com a lista de deputados comprados na mão,
para no domingo da votação conferir durante a votação o compromisso dos
parlamentares com os valores pagos na véspera.
“Só que eu falei: me dá a lista aí. Eu quero ficar com a lista dos
possíveis a ser comprados, pra mim (sic) ver depois na televisão se, enfim…”,
disse o empresário. “Mas eu conferi na época. Era deputado do baixo clero ali.
Eu conferi, deu os cinco dedos e lá tô eu com a dívida de 15 milhões. Eu lembro
que eu conferi, deputado não sei o quê…”.
Bacelar, o dono da ideia de distribuir dinheiro a quem ainda
estava em dúvida, manteve sua posição em segredo até a véspera da decisão em
plenário. Não se sabe se movido por ajuda financeira ou pela própria
consciência, votou contra o impeachment. O deputado, é preciso registrar, é
personagem recorrente de denúncias de corrupção no Congresso.
Joesley e Bacelar mantinham laços estreitos. Bem antes do
impeachment, o empresário pedira ao deputado para ajudar o ex-ministro Guido
Mantega na CPI do Carf, da qual o parlamentar baiano era relator.
Assista ao vídeo:
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