A Polícia Federal prendeu na manhã desta terça-feira (6) o
ex-ministro do Turismo e ex-presidente da Câmara Henrique Eduardo Alves
(PMDB-RN).
O mandado de prisão foi expedido pela Justiça Federal do Rio
Grande do Norte e é um desdobramento das delações da Odebrecht.
Há também mandado de prisão contra o ex-deputado Eduardo
Cunha (PMDB-RJ), preso no Paraná por decisão do juiz Sergio Moro desde outubro
do ano passado.
Henrique Eduardo Alves, que sempre fez parte do núcleo de
confiança de Temer, pediu demissão em junho de 2016, após ser citado em
delações.
O ex-ministro foi o terceiro a deixar o governo interino de
Temer, apenas em 34 dias de gestão. Antes dele, foram demitidos Romero Jucá
(Planejamento) e Fabiano Silveira (Transparência), após o vazamento de
gravações em que ambos criticaram a operação Lava Jato.
O secretário de Turismo de Natal, Fred Queiroz, também foi
preso na operação.
A operação desta terça foi batizada como Manus e apura
supostos crimes de corrupção ativa e passiva, além de lavagem de dinheiro.
A investigação se baseia em provas da Lava Jato que apontam
que Alves e Cunha receberam suborno na construção da Arena das Dunas, estádio
construído em Natal para a Copa do Mundo.
De acordo com a apuração da Polícia Federal e do Ministério
Público, houve sobrepreço de R$ 77 milhões no valor da obras, com favorecimento
de duas grandes construtoras.
Os pagamentos ocorreram como doação eleitoral oficial, entre
2012 e 2014. Os valores, segundo os investigadores, omitiam subornos e, em um
dos casos, eram desviados em benefícios pessoais.
Além das delações da Odebrecht, houve afastamento de sigilos
fiscal, bancário e telefônico dos envolvidos.
Os alvos responderão pelos crimes de corrupção ativa e
passiva, além de lavagem de dinheiro.
O nome Manus é uma referência ao provérbio latino
"Manus Manum Fricat, Et Manus Manus Lavat": uma mão esfrega a outra,
uma mão lava a outra.
A Polícia Federal afirma que cerca de 80 policiais cumprem
33 mandados judiciais, sendo cinco mandados de prisão preventiva, seis de
condução coercitiva e outros 22 de busca e apreensão no Rio Grande do Norte e
Paraná.
Reportagem de Camila Mattoso e Bela Megale, de Brasília
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