Do G1
O desembargador Ney Bello, do Tribunal Regional Federal da
1ª Região (TRF-1), autorizou o ex-ministro Geddel Vieira Lima a deixar o
Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília, para cumprir prisão domiciliar,
informou a assessoria da Corte. O tribunal ainda não informou onde o
peemedebista irá cumprir a medida cautelar.
Um dos políticos mais próximos ao presidente Michel Temer,
Geddel foi preso preventivamente pela Polícia Federal (PF) no início do mês, em
Salvador, por suspeita de obstrução da Justiça. Dois dias após a detenção, o
ex-ministro da Secretaria de Governo (articulação política) foi transferido
para o Distrito Federal.
Atualmente, ele está detido na ala para presidiários que têm
curso superior, a mesma em que o ex-deputado e ex-assessor especial do Planalto
Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR) ficou preso.
Na última quinta (6), na sessão de custódia de Geddel na 10ª
Vara da Justiça Federal de Brasília, o juiz Vallisney de Souza Oliveira havia
negado o pedido da defesa para que o ex-ministro fosse autorizado a ficar em
prisão domiciliar com uso de tornozeleira. Na ocasião, o peemedebista chorou
diante do magistrado do Distrito Federal.
Geddel foi preso por suspeita de atrapalhar as investigações
da Operação Cui Bono, que apura supostas fraudes na liberação de crédito da
Caixa Econômica Federal.
A investigação se concentra no período em que Geddel ocupou
o cargo de vice-presidente da Caixa. À época, ele assumiu o cargo na cúpula do
banco público por indicação do PMDB, que era sócio do PT no governo federal.
A apuração do envolvimento de Geddel com as irregularidades
cometidas na Caixa foi motivada por mensagens de texto registradas em um
aparelho de telefone celular apreendido na casa do então deputado Eduardo Cunha
(PMDB-RJ), que está preso em Curitiba pela Operação Lava Jato.
Mulher de Funaro
Ao pedir a prisão, o Ministério Público Federal argumentou
que Geddel pressionou a mulher de Lúcio Funaro, preso em Curitiba, para sondar
sobre a possibilidade de o doleiro fechar uma delação premiada com o Ministério
Público. Funaro iniciou negociações com o MP para colaborar com a Justiça em
troca de uma eventual redução da pena.
Na audiência da semana passada, o ex-ministro negou ter
procurado a mulher do doleiro. Geddel admitiu, entretanto, ter falado com ela
mais de dez vezes nos últimos 12 meses, mas, segundo ele, só sobre amenidades.
Para o juiz responsável pela Operação Cui Bono, o fato de o
peemedebista ter procurado a mulher de Funaro é gravíssimo e se tornou o
principal motivo da prisão do ex-ministro de Temer.
Geddel Vieira Lima foi vice-presidente de Pessoa Jurídica da
Caixa entre 2011 e 2013, no governo Dilma Rousseff. De acordo com as
investigações, ele manteve a influência sobre a instituição financeira desde
que Temer assumiu a Presidência em maio de 2016.
Demissão do governo
Ex-deputado e ex-ministro, Geddel Vieira Lima era um dos
principais nomes do PMDB no governo Michel Temer até pedir demissão, em
novembro do ano passado, depois de supostamente ter pressionado o então
ministro da Cultura, Marcelo Calero, a liberar um empreendimento imobiliário em
Salvador.
À época, o peemedebista negou que tivesse feito pressão
sobre Calero. Mesmo assim, ele não resistiu à repercussão negativa do caso e
acabou pedindo demissão.
Na semana passada, sem citar o nome de Geddel, Marcelo
Calero disse no Twitter após a prisão do ex-colega da Esplanada dos
Ministérios, sonhar com o dia em que, no Brasil, os "desonestos
responderão por seus atos".
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