segunda-feira, 3 de julho de 2017

ROTA DE FUGA

A Polícia Federal prendeu na noite deste domingo (2) o empresário Jacob Barata Filho, um dos maiores empresários de ônibus do Rio, sócio de 11 das 40 empresas que atuam na capital.
Barata Filho foi detido no aeroporto internacional do Galeão quando embarcava, só com passagem de ida, para Portugal.
O empresário está sob investigação de ter pago propina para agentes públicos nos últimos anos. A prisão foi determinada pelo juiz Marcelo Bretas, responsável pela Operação Lava Jato do Rio.
Em nota, a assessoria de imprensa do empresário afirmou que ele "estava realizando viagem de rotina a Portugal, onde possui negócios há décadas e para onde faz viagens mensais". "A defesa do empresário irá se pronunciar assim que tiver acesso aos autos do processo", diz o comunicado.
As empresas de ônibus já foram alvo da delação premiada do ex-presidente do TCE (Tribunal de Contas do Estado) do Rio Jonas Lopes. De acordo com ele, a Fetranspor (federação das empresas de ônibus) pagou uma mesada a conselheiros para ter "boa vontade" na análise de seus casos na corte.
A Folha revelou este mês que o ex-governador Sérgio Cabral (PMDB) concedeu desconto de IPVA às empresas de ônibus num processo administrativo que tramitou por apenas um dia no Estado. O Ministério Público Federal investiga o caso.
O setor já foi citado também por Luiz Carlos Bezerra, responsável por coletar a propina de Cabral. Ele afirmou em depoimento a Bretas que buscou dinheiro na Companhia Flores, que opera na Baixada Fluminense. Esta empresa, contudo, não pertence a Barata Filho.
Barata Filho é da segunda geração de empresários de ônibus que atuam no Rio. Seu pai, Jacob Barata, começou no setor na década de 1950.
O empresário preso neste domingo foi alvo de protestos durante o casamento de sua filha, no auge das manifestações de 2013. A cerimônia de Beatriz Barata tinha como um dos padrinhos o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Gilmar Mendes.
Em entrevista à Folha em 2014, Barata Filho reconheceu que as empresas ajudavam políticos na eleição –o que era vedado à época, por serem concessionárias de serviços públicos.
"Naturalmente há políticos que ajudamos a eleger, com trabalho nas empresas. Como há bancada ruralista, há a do transporte. [...] É [uma ajuda] pessoal. Temos certa influência junto aos funcionários. São pessoas em cujo trabalho acreditamos e pedimos para que votem nelas", afirmou.
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