SÃO PAULO - Convidado de um programa transmitido ao vivo
pelo prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), na noite desta quinta-feira, 10,
o vereador Eduardo Suplicy (PT) pediu ao tucano que pare de xingar os
ex-presidentes petistas Dilma Rousseff e Luiz Inácio Lula da Silva. Doria, ao
se justificar, afirmou que tem divergências com os líderes do PT e garantiu que
a intenção não é incitar o ódio.
Suplicy participou do programa Olho no Olho, no qual,
semanalmente, uma personalidade é entrevistada por aproximadamente uma hora
pelo prefeito em seu perfil pessoal no Facebook. Depois de divergências e
momentos de descontração, Doria ainda pediu uma "palinha" musical ao
parlamentar. Suplicy encerrou
cantando a clássica Blowin' in the Wind, de Bob Dylan.
Antes de conversarem sobre temas da administração municipal,
Suplicy disse que precisava fazer uma pergunta a Doria. "Você acha
admissível que uma pessoa se refira a uma mulher, como as que estão aqui nos
assistindo, como 'anta'?", questionou o vereador. "Não é a melhor
referência", admitiu o prefeito, justificando que fez isso "em certos
momentos de bom humor". "Mas isso não tira o meu espírito crítico à
ex-presidente Dilma Rousseff", ponderou.
No dia 15 de julho, Doria usou o microfone em um evento em
São Bernardo do Campo (SP) para chamar Lula de "mentiroso", "sem
vergonha" e Dilma de "anta". Na conversa feita no gabinete de
Doria, Suplicy afirmou que a forma como o tucano dirige ataques a Lula e Dilma
tem provocado reações como o lançamento de um ovo em sua direção em Salvador,
na segunda-feira, 7, e pode prejudicar a relação dele com vereadores da
oposição na capital paulista. Suplicy destacou, porém, que não estava de acordo
com a manifestação contra Doria na Bahia. "Esse procedimento de incitar
inclusive o ódio entre as pessoas acaba não fazendo bem não a você, [mas] ao
País, aos brasileiros", disse o vereador petista.
Suplicy chegou a citar a relação de Doria com o presidente
Michel Temer (PMDB), lembrando que o peemedebista é alvo de um inquérito na
Justiça e recebe tratamento diferente do prefeito. "Só que no caso do
presidente Michel Temer, você vai lá e o trata com o maior respeito e, mais do
que isso, com toda a amabilidade", afirmou Suplicy. Em clima amistoso,
Doria afirmou que tem respeito por Suplicy e que acredita em sua honestidade,
diferente do que acha do ex-presidente Lula. O tucano rebateu as críticas do vereador
dizendo que quem incita o ódio são manifestantes vinculados ao PT, ao PCdoB e
ao PSOL.
"Nem vou perguntar se você acredita na honestidade do
presidente Lula, nem quero lhe proporcionar esse constrangimento. Eu não
acredito. Mas não procuro fazer isso de forma a incitar o ódio nem propor
agressões", alegou Doria. "Nunca pedi que jogassem ovos, que
atacassem nem recepcionassem com rojões, como fui recepcionado em
Salvador.".
Suplicy não perdeu a oportunidade de fazer cobranças locais
ao chefe do Executivo paulista. Ele pediu que Doria considere a realização de
um plebiscito sobre as privatizações de parques e do Estádio do Pacaembu, já
anunciadas pela Prefeitura. O vereador disse ter visitado a ocupação da Câmara
Municipal de São Paulo por manifestantes, que contesta principalmente o pacote
de desestatização de Doria e, por isso, levou a reivindicação ao prefeito
durante a entrevista.
Já encerrando a conversa, Doria admitiu que poderia 'avaliar
a ideia' do plebiscito se Suplicy mostrasse suas aptidões como cantor.
"Agora sim vou cantar", aceitou o petista, iniciando a letra de
Blowin' in the Wind à capela e interpretando a letra com gestos. "How many years can some people
exist - brazilian people! - before they're allowed to be free?" (em
tradução livre: "Quantos anos algumas pessoas terão de existir - os
brasileiros! - antes de terem permissão para ser livres?"), cantou. Ao
encerrar, foi aplaudido pelo prefeito e pela equipe de gravação.
Planos para 2018. Ainda nesta quinta-feira, Doria teve
encontro com o presidente Michel Temer (PMDB), em São Paulo, e foi praticamente
convidado a se candidatar à Presidência pelo PMDB. Depois, disse ficar feliz
com o interesse de outros partidos, mas garantiu não ter intenção de deixar o
PSDB.
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