Mario Vitor Rodrigues, ISTOÉ
Responda rápido: quantas vezes você se preocupou em
desmentir um boato falso a seu respeito? Excetuando episódios de difamação,
convenhamos, talvez nunca. Afinal, que urgência pode existir em contradizer uma
acusação vazia? Por outro lado, se o desejo é precisamente o de reforçar um
rumor, negá-lo ad nauseam pode ser útil.
Assim faz João Doria, sempre que é confrontado sobre uma
possível candidatura sua à Presidência da República. Tal estratégia tem
funcionado, contudo o cenário poderia ser ainda mais alvissareiro para o
prefeito paulistano se não fossem Geraldo Alckmin e o PSDB, legenda habituada a
patinar nas próprias vaidades.
Não por acaso, uma celeuma impensável em outras paragens se
repete no seio do partido liderado por Fernando Henrique Cardoso: mais de um
nome se apresenta em condições de disputar o pleito em 2018, sendo que apenas
um deles vai ao encontro do anseio popular por novidades. E ainda assim cogitam
apostar em Geraldo.
Questionar a sua capacidade administrativa de Alckmin requer
prudência. No fim das contas, não pode ter sido apenas por excesso de carisma
que ele foi eleito governador de São Paulo em duas ocasiões, sem contar os
cargos de deputado estadual e federal. Entretanto, o seu tempo já passou.
E não apenas pelo fato de já ter tido a oportunidade de se
eleger presidente em 2006, quando foi derrotado por Lula, mas pelo que
representa.
O viço de um candidato não pode desviar a atenção do eleitor
quando esstee julga o seu plano de governo e capacidade para sugerir ideias.
Assim como a sua lisura moral não deve ser tomada como inatacável de antemão,
somente pelo vigor de um discurso moderno. Essas e tantas outras ressalvas
podem fazer sentido, mas a verdade é que chegou a hora de políticos com quase
meio século de vida pública cederem espaço para uma nova geração.
Titubear na hora de tomar decisões importantes sempre foi
uma postura detestável por parte dos tucanos. Tanto quando o País esteve
melhor, período em que ocuparam o poder, quanto depois, ao se oferecem
submissos para o surgimento da nefasta hegemonia petista.
Pois, dessa vez, espera-se que pelo menos concedam ao
cidadão a oportunidade de ter uma opção diferente. Com todos os cuidados que
esse termo pede, mas também com a esperança de quem está exausto de ser
conduzido à urna para votar nos mesmos nomes.
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