segunda-feira, 11 de setembro de 2017

DILMA EXAGERADA

Da Agência LUPA
A ex-presidente Dilma Rousseff concedeu uma entrevista ao jornal Folha de S. Paulo no último sábado (2). Entre outros temas, falou sobre o primeiro ano do país após seu impeachment e opinou sobre o atual cenário político, tendo em vista as próximas eleições. Depois da entrevista, Dilma e outros integrantes do PT foram denunciados pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, por associação criminosa. A Lupa checou alguns dados mencionados por Dilma sobre o seu governo e a gestão de Michel Temer. Confira:
“Estamos falando de R$ 3 bilhões [para o Ciência Sem Fronteiras]”
EXAGERADO
O programa Ciências Sem Fronteiras existe há cinco anos. E, em apenas um deles – 2015 – houve um investimento de R$ 3 bilhões. Nos outros quatro, o valor investido nas bolsas para alunos brasileiros no exterior não passou de R$ 1,6 bilhão.
Em 2013, ano de criação do programa, foi previsto e executado um orçamento de R$ 1,2 bilhão. Em 2014, a previsão orçamentária foi de R$ 1,8 bilhão, mas a execução, de R$ 1,3 bilhão. Os investimentos mais do que duplicaram no ano seguinte. Em 2015, o orçamento atingiu R$ 3,2 bilhões. A execução também foi alta: de R$ 3,1 bilhões. Nesse ano, contudo, o programa foi congelado e deixou de abrir novas vagas. Resultado: em 2016, o orçamento do Ciência sem Fronteiras foi reduzido pela metade. O R$ 1,5 bilhão previsto pela equipe econômica foi destinado para manter os estudantes que já estavam no exterior.
Atualmente, o programa atende apenas aos alunos de pós-graduação a um custo de R$ 407 milhões aos cofres públicos. As bolsas para alunos de graduação foram suspensas no governo Temer.
“O Ciência Sem Fronteiras é um percentual ínfimo [do Orçamento]”
VERDADEIRO
Em 2015, quando o Ciências Sem Fronteiras recebeu o seu maior investimento, os R$ 3 bilhões destinados ao programa representaram 0,1% do Orçamento daquele ano.
Atualmente, o programa atende apenas aos alunos de pós-graduação a um custo de R$ 407 milhões aos cofres públicos. Isso representa 0,011% do Orçamento aprovado para 2017.
Em abril deste ano, o Ministério da Educação decidiu encerrar o Ciência Sem Fronteiras para graduação. De acordo com a pasta, o último edital voltado para esse segmento foi feito em 2014. O congelamento das vagas ocorreu ainda no governo Dilma. 
“Os 267 [deputados] que o livraram [o presidente Michel Temer] são os mesmos que me condenaram”
EXAGERADO
Ao analisar as votações das duas sessões mencionadas por Dilma, ou seja, aquela em que seu impeachment foi aprovado e aquela em que foi analisada a denúncia contra o presidente Michel Temer, vê-se que a interseção é menor do que o citado pela ex-presidente. Um total de 207 – e não 267 – deputados foi a favor da saída de Dilma e contra o prosseguimento da investigação de Temer.
Vale ressaltar que a mesma análise revela que 113 deputados votaram pela saída da petista e, um ano depois, se disseram favoráveis também ao prosseguimento das investigações contra Temer.
Em agosto, a Lupa mostrou que a tropa mais fiel de aliados do presidente Temer é composta por 116 parlamentares. Esse grupo votou a favor do impeachment de Dilma e contra a denúncia do atual presidente. Também apoiou votações importantes para o atual governo, como a aprovação da PEC do Teto de Gastos e o projeto de lei de terceirização do trabalho.
“O Fies está baseado em crédito [não elevaria gasto público]”
VERDADEIRO, MAS
O Fies está baseado em crédito, mas existem subsídios do governo nos financiamentos aos estudantes. Em diagnóstico feito pela Secretaria de Acompanhamento Econômico do Ministério da Fazenda, o governo deve gastar R$ 8,3 bilhões em subsídios ao Fies em 2017.
Por questões orçamentárias, o próprio governo Dilma passou de 732.682 contratos em 2014 para 287.464 em 2015. Isso significou um corte de 155% nos financiamentos estudantis. Mesmo assim, os subsídios cresceram de R$ 1,8 bilhão para R$ 6,7 bilhões, respectivamente, em função dos períodos de carência dos contratos antigos.
O empréstimo é subsidiado e a juros bem mais baixos do que o praticado no mercado. No governo Dilma, os juros praticados eram de 3,4% e o governo também arcava com os custos de administração bancária. O governo se endividava a juros de 11% ao ano.
O governo de Michel Temer aumentou para 6,5% a taxa efetiva de juros  e estabeleceu que parte da remuneração dos bancos deve ser custeada pelas instituições de ensino.
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