segunda-feira, 9 de outubro de 2017

TIROS DE INSANIDADE

RIO - Uma semana depois do ataque a tiros que deixou 59 mortos e mais de 500 feridos em Las Vegas, o deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ), em visita aos Estados Unidos, postou vídeos no Facebook nos quais aparece num estande de tiro, em Miami, atirando num alvo com uma pistola calibre .50AE.
Enquanto os americanos discutem a regulamentação da venda de armamentos, após o pior ataque em massa com armas de fogo da história do país, Bolsonaro defende o uso da pistola, considerada a mais potente do mundo, pelas forças policiais brasileiras, dizendo que um disparo desse tipo é um "saco de cimento no peito do bandido".
- Para nós evitarmos aquele problema do policial civil, militar ou PRF, ao abater um inimigo que estava atirando nele, ser condenado por excesso, por ter dado mais de dois tiros. Quem sabe no futuro a gente possa botar essa arma aqui para ser usada no Brasil? Aí é um tiro só! Um saco de cimento no peito do bandido, acabou a história. Isso é Estados Unidos. Isso eu quero para o meu Brasil - declarou, após acertar o alvo.
Em outro vídeo, Bolsonaro aparece ao lado da youtuber Karol Eller, homossexual mineira que vive nos Estados Unidos, seguida por mais de 500 mil pessoas no Facebook. Nas redes sociais, Karol tem declarado apoio ao deputado.
No vídeo publicado neste domingo no perfil de Bolsonaro, com o título "Karol Eller e Jair Bolsonaro mostrando como se combate a homofobia", ela aparece atirando com uma arma longa, no estande de tiro. O parlamentar pergunta à youtuber o que a protege de "pessoas que queiram fazer uma maldade" com ela.
- Nos Estados Unidos? É isso aqui, ó - responde Karol, disparando a arma.
Numa viagem em que visitará quatro estados americanos, Bolsonaro fez uma palestra para aproximadamente 300 brasileiros em uma churrascaria de Deerfield Beach, cidade a uma hora de Miami, na noite de domingo. Foi recebidos aos gritos de "mito" por pessoas que esperaram até duas horas na fila para entrar.
O deputado viaja ainda para Boston, Nova York e Washington. Na agenda, encontros com investidores e visitas ao presídio Rikers Island, o maior complexo penitenciário da região de Nova York, e à sede da George Washington University.
Acadêmicos brasileiros e ativistas fizeram um abaixo-assinado para tentar impedir a palestra de Bolsonaro na universidade, no próximo dia 13. No texto, afirmam que ao recebê-lo, a institução "estará ajudando um extremista de direita racista, sexista e homofóbico a conseguir reconhecimento internacional e solidificar a viabilidade política de sua candidatura, colocando efetivamente as comunidades vulneráveis no Brasil em grande risco de crescente discriminação e violência".
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