Do O GLOBO
RIO - Uma semana depois do ataque a tiros que deixou 59
mortos e mais de 500 feridos em Las Vegas, o deputado federal Jair Bolsonaro
(PSC-RJ), em visita aos Estados Unidos, postou vídeos no Facebook nos quais
aparece num estande de tiro, em Miami, atirando num alvo com uma pistola
calibre .50AE.
Enquanto os americanos discutem a regulamentação da venda de
armamentos, após o pior ataque em massa com armas de fogo da história do país,
Bolsonaro defende o uso da pistola, considerada a mais potente do mundo, pelas
forças policiais brasileiras, dizendo que um disparo desse tipo é um "saco
de cimento no peito do bandido".
- Para nós evitarmos aquele problema do policial civil,
militar ou PRF, ao abater um inimigo que estava atirando nele, ser condenado
por excesso, por ter dado mais de dois tiros. Quem sabe no futuro a gente possa
botar essa arma aqui para ser usada no Brasil? Aí é um tiro só! Um saco de
cimento no peito do bandido, acabou a história. Isso é Estados Unidos. Isso eu
quero para o meu Brasil - declarou, após acertar o alvo.
Em outro vídeo, Bolsonaro aparece ao lado da youtuber Karol
Eller, homossexual mineira que vive nos Estados Unidos, seguida por mais de 500
mil pessoas no Facebook. Nas redes sociais, Karol tem declarado apoio ao
deputado.
No vídeo publicado neste domingo no perfil de Bolsonaro, com
o título "Karol Eller e Jair Bolsonaro mostrando como se combate a
homofobia", ela aparece atirando com uma arma longa, no estande de tiro. O
parlamentar pergunta à youtuber o que a protege de "pessoas que queiram
fazer uma maldade" com ela.
- Nos Estados Unidos? É isso aqui, ó - responde Karol,
disparando a arma.
Numa viagem em que visitará quatro estados americanos,
Bolsonaro fez uma palestra para aproximadamente 300 brasileiros em uma
churrascaria de Deerfield Beach, cidade a uma hora de Miami, na noite de
domingo. Foi recebidos aos gritos de "mito" por pessoas que esperaram
até duas horas na fila para entrar.
O deputado viaja ainda para Boston, Nova York e Washington.
Na agenda, encontros com investidores e visitas ao presídio Rikers Island, o
maior complexo penitenciário da região de Nova York, e à sede da George
Washington University.
Acadêmicos brasileiros e ativistas fizeram um
abaixo-assinado para tentar impedir a palestra de Bolsonaro na universidade, no
próximo dia 13. No texto, afirmam que ao recebê-lo, a institução "estará
ajudando um extremista de direita racista, sexista e homofóbico a conseguir
reconhecimento internacional e solidificar a viabilidade política de sua
candidatura, colocando efetivamente as comunidades vulneráveis no Brasil em
grande risco de crescente discriminação e violência".
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