quarta-feira, 22 de novembro de 2017

CASAL ENCARCERADO

Do G1, RJ
Os ex-governadores do Rio de Janeiro Anthony Garotinho e Rosinha Matheus foram presos na manhã desta quarta-feira (22) em uma ação da Polícia Federal que investiga crimes eleitorais. Eles negam a prática de crimes.
Segundo um agente da PF, a prisão tem relação com a delação premiada de Ricardo Saud, da JBS.
A ação apura os crimes de corrupção, concussão, participação em organização criminosa e falsidade na prestação das contas eleitorais. Ao todo, foram expedidos 9 mandados de prisão e 10 de busca e apreensão pelo juiz eleitoral de Campos dos Goytacazes, no Norte Fluminense.
De acordo com a PF, foram identificados elementos que apontam que a JBS firmou contrato fraudulento com uma empresa sediada em Macaé para a prestação de serviços na área de informática.
Há suspeita, porém, de que os serviços não tenham sido prestados e de que o contrato, de aproximadamente R$ 3 milhões, serviria apenas para o repasse irregular de valores para a utilização nas campanhas eleitorais.
Outros empresários também informaram à PF que o ex-governador cobrava propina nas licitações da prefeitura de Campos, exigindo dinheiro para que os contratos fossem firmados.
Também foi preso Suledil Bernardio, que foi secretário de governo da Prefeitura de Campos dos Goytacazes durante a gestão de Rosinha. Os agentes fizeram buscas na casa do ex-secretário e ele foi levado para a sede da PF em Campos.
Garotinho estava no apartamento dele no Flamengo, Zona Sul do Rio, quando foi detido. Por volta das 11h, ele deixou a sede da PF, no Centro, e foi levado para o Instituto Médico Legal (IML) para fazer exame de corpo de delito. Rosinha foi levada para a sede da PF em Campos e transferida, por volta das 11h40, para o presídio feminino Nilza da Silva Santos, em Campos dos Goytacazes.
Em nota oficial, o ex-governador Anthony Garotinho atribui a operação desta quarta-feira a mais um capítulo da perseguição que diz sofrer. Garotinho afirma que nem ele, nem nenhum dos acusados, cometeu crime algum. A nota reforça, ainda, que a operação à qual Garotinho e Rosinha respondem não tem relação alguma com a Lava Jato.
Garotinho já havia sido preso em 2016 pela Operação Chequinho, da PF, que investiga um esquema de compra de votos envolvendo o programa social Cheque Cidadão, na eleição municipal do ano passado (leia mais abaixo).
Investigação
Segundo a denúncia do Ministério Público do Rio, o presidente do PR, Antônio Carlos Rodrigues, negociou com Garotinho e com a JBS a doação de dinheiro oriundo de propina para a campanha do ex-governador ao governo do Rio, em 2014.
Após ser pressionado por Garotinho, Antonio Carlos pediu que a JBS conseguisse mais R$ 4 milhões para a campanha, ficando combinado, por fim, o pagamento de mais R$ 3 milhões, valor oriundo de propina, para selar apoio do PR ao PT e ao PMDB.
Segundo o MP, o dinheiro ainda foi destinado a outra conduta ilícita, que era custear despesas do grupo político de Garotinho sem a devida declaração nem comprovação.
O inquérito que embasa a denúncia partiu da delação dos irmãos Wesley e Joesley Batista e Ricardo Saud.
"Na ocasião, foi relatado que o referido grupo econômico doou cerca de R$ 3.000.000 para a campanha de Anthony Garotinho ao governo do estado do Rio de Janeiro em 2014, a título de 'caixa 2', dinheiro não contabilizado na prestação de contas eleitorais, valendo-se de um contrato de prestação de serviços celebrado com uma empresa indicada por aquele candidato, apenas para dar aparência de legalidade ao repasse de dinheiro", diz o documento.
Operação Chequinho
A primeira prisão de Garotinho ocorreu em 2016, durante a Operação Chequinho, que investigou um esquema de compra de votos em Campos. Segundo o Ministério Público Estadual (MPE), em troca dos votos, a prefeitura oferecia inscrições fraudulentas no programa Cheque Cidadão, que dá R$ 200 por mês a cada beneficiário.
A operação foi iniciada em setembro de 2016, quando o MPE e a PF viram um "crescimento desordenado" do Cheque Cidadão. Em apenas dois meses, o número de inscritos passou de 12 mil para 30 mil. Desde então, a operação prendeu vereadores, eleitores e outros envolvidos no caso. Todos já foram soltos.
Justiça revogou prisão de Garotinho
Em setembro de 2017, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) derrubou a prisão domiciliar de Garotinho. O político havia sido preso no dia 13 de setembro, após ser condenado na primeira instância da Justiça Eleitoral a 9 anos, 11 meses e 10 dias de reclusão, além de multa de R$ 210.825. A pena, porém, havia sido transformada em prisão domiciliar, com uso de tornozeleira eletrônica e outras restrições.
Na decisão, a maioria dos ministros do TSE derrubou as restrições, que incluíam proibição de contato com qualquer pessoa, exceto familiares, e de uso de celular, internet e outros meios de comunicação. 
Bookmark and Share

Nenhum comentário:

Postar um comentário