Funcionários da CUT (Central Única dos Trabalhadores)
ameaçaram entrar em greve nesta semana, depois que a entidade iniciou na
terça-feira (14) um Programa de Demissão Incentivada (PDI) para enxugar em
quase 60% sua folha de pagamento.
A entidade, com 178 empregados, se diz asfixiada pelo
governo Michel Temer, que, com a reforma trabalhista, acabou com a
obrigatoriedade do imposto sindical. O tributo, que equivale a um dia de
trabalho, é um dos principais recursos das centrais.
Embora a cúpula da entidade afirme ter consultada seus
trabalhadores sobre os critérios de exoneração, os funcionários chegaram a
anunciar a deflagração de uma greve.
O presidente da central, Vagner Freitas, diz desconhecer o
movimento. Queixando-se de perseguição política, Freitas informa ainda que o
ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares aderiu voluntariamente ao programa, abrindo
mão de um salário de R$ 15 mil.
"Delúbio é um trabalhador da CUT. Agrega muito. É com
muita dor que informo que ele tomou a iniciativa de aderir", disse Freitas,
lembrando que a contratação do ex-tesoureiro (condenado por corrupção ativa no
julgamento do mensalão) foi autorizada por Joaquim Barbosa, então ministro do
Supremo.
A direção da CUT argumenta que o plano de demissão de
funcionários foi uma resposta ao fim do imposto sindical obrigatório. De acordo
com Freitas, a redução permitirá a manutenção das atividades da central.
Ele não informou qual o impacto da medida adotada pelo
governo Temer nos cofres da entidade nem o orçamento global da entidade. Em
2016, ela recebeu R$ 59,8 milhões da contribuição.
O presidente da CUT afirma ainda que o enxugamento da folha
foi submetido à assembleia de trabalhadores após prévia apresentação de uma
proposta da direção.
"Diferentemente das empresas, os trabalhadores foram
consultados. Não é um momento de felicidade", diz.
O PDI será encerrado em 4 de dezembro e, caso não tenha
adesão dos trabalhadores, será iniciado um processo de demissão até que se
chegue ao percentual desejado.
Freitas alega que as medidas garantirão ações de
enfrentamento com o governo Temer. Um carro de som fornecido pela entidade
acompanhou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na caravana que
protagonizou pelo interior de Minas Gerais.
MAIS CORTES
Além do comando nacional da CUT, sindicatos, direções
estaduais e federações estão realizando redução da folha de pagamentos.
A Confederação Nacional dos Metalúrgicos, por exemplo,
deverá entregar a sede própria para ocupar um andar no prédio da CUT, que deve ser
esvaziado após o PDI.
METALÚRGICOS
Reunidos nesta sexta-feira (17), dirigentes de 44 sindicatos
de metalúrgicos deixaram frustrados reunião com representantes patronais.
Com dissídio em novembro, os trabalhadores tiveram que
concordar com reposição de 1,8% da inflação reajustado apenas daqui a nove
meses, em novembro.
Os trabalhadores receberão três abonos de 5% a partir de
janeiro. Para as finanças dos sindicatos, 2.5%.
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