Vai ser velado neste domingo (25), em Brasília, o corpo do
jornalista Antonio Carlos Drummond. Toninho Drummond, como era conhecido,
participou da cobertura de momentos importantes da história do Brasil e do
mundo.
Mineiro de Araxá, Antonio Carlos Drummond, o Toninho
Drummond, tinha 82 anos. Morreu na noite desta sexta (23), no Hospital
Brasília, por falência múltipla dos órgãos. Toninho deixa a viúva, Palmira, e
três filhos: Ana Luiza, Antonio Carlos e João Claudio.
Em Minas, parentes falaram sobre a vida de Toninho. “Uma
pessoa extraordinária, trabalhador excelente. Estamos muitos estarrecidos com
essa morte dele, que nos pegou de surpresa. Entra para a história”, diz o primo
Fábio Drummond.
Ele começou a carreira no jornal O Estado de Minas, nos anos
60. Chegou à TV Globo no início dos anos 70, convidado por Armando Nogueira,
então diretor da Central Globo de Jornalismo.
Toninho assumiu a direção de jornalismo em Brasília numa
época difícil, em plena ditadura militar e com a imprensa ainda sob forte
censura. Em entrevista ao Memória Globo, Toninho Drummond lembrou que conseguiu
mais espaço para a cobertura de Brasília no noticiário nacional quando começou
o processo de abertura política. “A classe política estava renascendo, estava
começando a respirar, entendeu? Então, o volume de notícias também não era tão
grande como é hoje”, disse em 2001.
Em 1976, ele coordenou a cobertura da viagem oficial do
presidente Geisel ao Japão.
Toninho Drumond participou de um momento importante da TV
Globo, quando os telejornais passaram a transmitir mais notícias em rede, com
informações de várias cidades. Um destaque foi a cobertura das eleições diretas
para prefeito em 1976. Em várias cidades, inclusive nas capitais, não houve
eleição porque ainda era o início da abertura política, mas pela primeira vez a
TV Globo mostrou em rede nacional o país discutindo política.
Na guerra Irã-Iraque, Toninho Drummond conseguiu uma
entrevista exclusiva com Saddam Hussein, em Bagdá. Uma foto mostra Toninho com Saddam, o
repórter Ricardo Pereira e o repórter cinematográfico Benevides da Mata Neto.
Em 29 de junho de 1981, o Jornal Nacional exibiu a entrevista com Saddam. “O
primeiro assunto que nós tratamos com o presidente foi a acusação israelense de
que o Iraque estava preparando uma bomba atômica. A resposta dele é a seguinte:
‘Se nós estivéssemos realmente fazendo a bomba atômica, nós teríamos anunciado
publicamente’”, diz a reportagem.
Em nota, a Associação Brasileira de Rádio e Televisão disse
que Toninho Drummond deixa um importante legado de dedicação e compromisso com
o jornalismo.
Numa rede social, o presidente Michel Temer manifestou
pêsames e disse que Toninho Drumond participou de coberturas importantes no
país, sempre com profissionalismo e competência.
Alexandre Garcia disse que Toninho era um homem da notícia.
“O Toninho Drummond sempre ajudou os repórteres, abriu caminho para as câmeras,
com a simpatia dele, com a amizade que ele tinha entre os políticos,
independentemente de partidos. Ele foi um grande produtor da notícia e ele
praticou isso enquanto era editor regional de jornalismo em Brasília”, conta
Alexandre.
Toninho Drummond era um amante do jornalismo. “O difícil no jornalismo
não é escrever. O difícil na nossa profissão é perguntar, porque a pergunta
revela, pressupõe conhecimento, pressupõe sabedoria, perspicácia. Da boa
pergunta pode sair a grande matéria”, disse ao Memória Globo.
Toninho Drummond foi diretor regional da Globo em Brasília
por 25 anos, até 2012. Sempre foi um entusiasta das novas tecnologistas.
Demonstrou isso um ano depois de se aposentar, ao falar, em 2013, sobre o
início da transmissão dos telejornais locais da Globo, no Distrito Federal, em
alta definição. “A transmissão do noticiário em HD inaugura uma nova etapa, um
novo ciclo na história da TV Globo de Brasília. Sou testemunha que, desde a
inauguração, nos idos de 1970, a direção geral da empresa e a Central Globo de
Jornalismo nunca pouparam esforços para que a capital da república tivesse uma
televisão à altura do seu progresso e da sua modernidade”, disse Toninho.
A família Marinho divulgou a seguinte nota de pesar:
“Toninho Drummond foi um dos expoentes da sua geração, honrando a tradição mineira
que tão bons jornalistas deu ao país. Tenaz, mas sempre gentil. Altamente
competente, mas sem nenhuma dose de estrelismo. De uma seriedade ímpar no que
fazia, mas sempre irradiando bom humor. Formou uma legião de jornalistas. O
Grupo Globo deve muito ao talento dele, e expressa a sua imensa gratidão.
Toninho foi um profissional exemplar e um amigo querido. Nossa solidariedade à
família”. Assinam a nota Roberto Irineu,
João Roberto e José Roberto Marinho.
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